Há muito que era uma presença habitual nas iniciativas no Centro Nacional de Cultura – e lembramos o entusiamo que colocou na organização dos últimos Concertos de Natal na Basílica dos Mártires. Já muito doente, quis fazer o alinhamento essencial do Concerto de 2015 – dispondo-se a dirigi-lo no final da semana que hoje se inicia. Infelizmente, não foi possível já concretizar o seu desejo. Gostaríamos em 2016 de encontrar uma oportunidade para invocar a sua memória. Por agora, chegámos ao entendimento que não faria sentido uma organização de última hora que nunca poderia substituir o que o nosso querido amigo tinha pensado. Não iremos ter, por isso, o Concerto de Natal, como habitualmente – mas queremos deixar aqui a sentida homenagem a Victor Roque Amaro. Dotado de uma sensibilidade extraordinária, animou ao longo da vida inúmeras iniciativas ligadas à música – apesar da sua formação em engenharia e da sua grande competência no exercício de funções no Tribunal de Contas.
Nascido em Lisboa, Victor Roque Amaro foi tenor do Coro Gulbenkian, diretor de agrupamentos como os corais Vértice, Dom Luís I, Educ(ant)are, Corellis, do Tribunal de Contas, além do Concertus Antiquus, entre outras formações. Esteve associado à organização do antigo Festival dos Capuchos, fundado por José de Adelino Tacanho, vocacionado para a música pré-romântica, que retomou em 2005, sob o mote “O Jardim das Hespérides”. Formado em Engenharia Civil, pelo Instituto Superior Técnico, Victor Roque Amaro iniciou-se muito cedo na música, sob influência familiar, tendo iniciado os estudos no Seminário de Penafirme (Canto Gregoriano, piano, órgão e polifonia sacra), que prosseguiu no Conservatório de Lisboa e em Cambridge, no Reino Unido, também na área da Musicologia. Trabalhou com os maestros Michel Corboz, Cristopher Hogwood, Jordi Savall, Ton Koopman, Manuel Morais, Fernando Eldoro, Jorge Matta, entre outros. Na área da Musicologia, trabalhou com Rui Vieira Nery, Philip Thorby, especialista em música antiga do conservatório inglês de Trinity, Peter Philips, fundador dos Tallis Scholars, e Ivan Moody. Além de director do Coral Vétice durante 20 anos, fundou e dirigiu, entre outros, o Concertus Antiquus, grupo coral e instrumental dedicado à Música Antiga, e o Coro Dom Luís I, por iniciativa do Palácio Nacional da Ajuda.
Não o esqueceremos! O Centro Nacional de Cultura homenageia a memória de um grande Amigo!
A Direção do CNC.