Ciclo Fronteiras e Identidades
2006 será o momento de visitarmos a emblemática cidade de Barcelona. Dedicados à fronteira do Norte, ficaremos alojados no centro de Barcelona onde iremos apreciar a arquitectura e arte que abundam a cidade, mas vamos também sair para conhecer Montserrat, Urgell e Ripoll junto à actual fronteira com França. Esta viagem está a ser programada para Junho e em breve contamos disponibilizar aqui o seu programa.
Historial
O Centro Nacional de Cultura iniciou, em Setembro de 2001, um ciclo de viagens a Espanha, sob o tema Fronteiras e Identidades, que tem como coordenador e guia o Prof. José Luís de Matos. O objectivo deste ciclo é chamar a atenção para o quanto da identidade nacional portuguesa adveio das fronteiras históricas e geográficas que tivemos. Ou seja, que escolhas fizemos ao longo dos séculos? O que herdámos de outras culturas? O que optámos por não incorporar na nossa vida? No fundo, o que nos une e afasta dos outros povos ibéricos?
Toda a cultura possui um território onde se desenvolve e as fronteiras que a ligam e a separam do Mundo. Ser Português significa possuir uma identidade cultural que se desenvolve naturalmente em territórios geográficos e naturais próprios, que possui património cultural e valores específicos, uma forma de viver e de agir.
Em termos geográficos as fronteiras do Território Português estão balizadas em boa parte pela Geografia e pela História que nos une e nos afasta dos outros povos ibéricos:
1) Mérida, a capital da Lusitânia em época romana e Córdova a capital do califato islâmico, organizaram, em épocas distintas o embrião da nossa identidade actual e a visita às duas capitais permite entender de algum modo a sua especificidade (artística, urbana, espiritual, etc.).
2) O percurso assim iniciado poderá vir a ser complementado pela visita a Sevilha e Granada, fronteiras meridionais e portas do Mediterrâneo.
3) O Tejo é a fronteira ibérica que divide os cristãos do norte dos mouros do sul. Essa fronteira política e ideológica conta com praças fortes (Tomar, Alcântara, Cáceres, Toledo, Saragoça…), e com santuários da Virgem (Fátima, Guadalupe, Pilar, Monserrate, entre outros).
4) As fronteiras do norte de Portugal estão marcadas, por exemplo, pela independência política dos portucalenses em Zamora, pela cultura e ensino de Salamanca, pelas guerras de Toro, pelas cruzadas religiosas e políticas de Santiago de Compostela. José Luís de Matos (Setembro 2001)
A primeira viagem do ciclo, em Setembro de 2001, levou-nos a Mérida, a capital da Lusitânia Romana, e a Córdova, a capital do califato islâmico, onde, além da visita aos lugares de peregrinação obrigatórios, foi a oportunidade para ver a excelente exposição “Explendor dos Omíadas”. Com o Prof. José Luís de Matos, visitámos os mais importantes monumentos de cada cidade: o Museu, o Anfiteatro e Teatro Romanos, o Centro Histórico e a Alcáçova de Mérida; a Mesquita e a Medina al-Zahara (e a grande exposição El esplendor de los Omeyas Cordobeses que aí estava patente) em Córdoba; o Centro Histórico e a Fortaleza de Badajoz.
Na Primavera de 2002 foi a vez de visitarmos Salamanca, Tordesilhas, Zamora e Simancas. Zamora é o local de nascimento do Portugal medieval, porque foi aí que o Reino adquiriu o estatuto de autonomia face a Leão e Castela. A batalha de Toro é o gesto definitivo da separação de duas nações. Em Tordesilhas os dois reinos dividiram entre si os “novos mundos” a descobrir. Simancas e o seu arquivo guardam documentação que constitui uma larga porção da memória e da identificação portuguesa. Salamanca é a sede de uma das primeiras Universidade Medievais, que para os portugueses de todos os tempos, mas sobretudo nos inícios da nacionalidade, constituiu a matriz cultural do saber e da cultura. Salamanca, “Capital Europeia da Cultura – 2002” e só esse facto justificaria a visita. Mas ir ao encontro dessa velha cidade e da sua vida cultural é um acto imprescindível de retorno à casa materna, ao lugar onde se gerou, em boa medida, a nossa própria identidade espiritual.
Seguindo a fronteira meridional viajámos pelas “portas do Mediterrâneo” quando fomos a Sevilha e Granada na Primavera de 2003. No mesmo ano, mas em Setembro, seguimos ao longo do Tejo pela (…) fronteira ibérica que divide os cristãos do norte dos mouros do sul(…), passando por Idanha-a-Velha, Alcântara, Cáceres e Guadalupe.
As fronteiras do Norte de Portugal estão marcadas, por exemplo, pela independência política dos portucalenses em Zamora, pela cultura e ensino de Salamanca, pelas guerras de Toro, pelas cruzadas religiosas e políticas de Santiago de Compostela. Santiago, A Coruña, Lugo e o emblemático Cabo Finisterra que pisámos em Novembro de 2004.
“Santiago não é só o túmulo do Apóstolo. É o lugar onde se forja a identidade galaico-portuguesa face às quatro (ou cinco) outras nações da Península e um ponto fulcral da fronteira entre “Norte e Sul” na perspectiva que tem sido seguida pelo programa de viagens Fronteiras e Identidades”. (José Luís de Matos)
Para mais informações não hesite em contactar o
Centro Nacional de Cultura
Tel.: 21 346 67 22 ou e-mail: hserra@cnc.pt