Morreu o historiador e colunista Vasco Pulido Valente
Vasco Pulido Valente, pseudónimo de Vasco Valente Correia Guedes nasceu em Lisboa a 21 de novembro de 1941. Por não gostar do seu nome de nascimento, por volta dos 17 anos de idade passou a adotar o nome pelo qual é mais conhecido e com o qual assina as suas obras. O historiador era neto paterno de Francisco Pulido Valente, figura que pode ter inspirado a escolha do pseudónimo.
Licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de Letras de Lisboa e é doutorado em História pela Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Foi colunista do Público desde a sua fundação. Colaborou ainda com o Expresso, Diário de Notícias, A Tarde e O Independente. Vasco Pulido Valente foi ainda comentador da TSF, da Rádio Comercial e da TVI.
É autor de obras como O poder e o povo: A revolução de 1910 (1976), O País das Maravilhas (1979), Estudos sobre a crise nacional (1980), Tentar perceber (1983), Às avessas (1990), Glória: biografia de J. C. Vieira de Castro (2001), Portugal: Ensaios de História e Política (2009), De Mal a Pior – Crónicas (1998-2015), O Fundo da Gaveta – Contra-Revolução e Radicalismo no Portugal Moderno (2018).
Vasco Pulido Valente foi também investigador e coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL). Lecionou ainda na Universidade Católica, na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e no ISCTE/IUL – Instituto Universitário de Lisboa.
Vasco Pulido Valente envolveu-se várias vezes na atividade político-partidária. Em 1979, após a vitória da Aliança Democrática nas legislativas, Pulido Valente foi secretário de Estado da Cultura do Governo de Sá Carneiro.
Em 1985 integra o núcleo restrito da direção do MASP (Movimento de Apoio de Soares à Presidência) que dirigiu a campanha para as eleições presidências de Mário Soares, em que este foi eleito Presidente da República. Dez anos depois, nas legislativas de 1995, foi eleito deputado como independente nas listas do PSD, então liderado por Fernando Nogueira. Saiu poucos meses depois.
Uma crónica de Vasco Pulido Valente no PÚBLICO, publicada a 31 de agosto de 2014, sobre o estado do PS e intitulada “A Geringonça”, viria a estar na origem da caracterização feita mais tarde por Paulo Portas sobre os acordos entre PS, Bloco de Esquerda e PCP, que viriam a sustentar a constituição do XXI Governo Constitucional. Anos antes, em 2016, Vasco Pulido Valente serviu de inspiração ao líder parlamentar do PS para caracterizar o PSD e o CDS, altura em que Carlos César utilizou a expressão “caranguejola”. A expressão foi o título de outro texto do historiador publicado no PÚBLICO a 31 de maio de 2014.
Em 2017, parou de escrever por motivos de saúde.
por Sofia Neves e São José Almeida, in Público | 21 de fevereiro de 2020
Fotografia © Jornal Público / Nuno Ferreira Santos
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público
No Centro Nacional de Cultura e na revista “O Tempo e o Modo” desempenhou um papel fundamental, como o fizera no “Almanaque”.
É sem dúvida um dos grandes escritores do século XX…
Apresentamos à família sentidas condolências.