O Centro Nacional de Cultura (CNC) e o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) levam a efeito, desde 2006, uma iniciativa comum de divulgação das peças mais significativas do primeiro Museu português. Deste modo, queremos promover o melhor conhecimento do nosso património cultural, incentivando a visita aos nossos Museus, e em especial ao Museu Nacional de Arte Antiga.
Além da divulgação no portal www.e-cultura.pt e no sítio www.cnc.pt, promoveremos ao longo do ano outras iniciativas que serão divulgadas nos nossos programas trimestrais. A memória cultural constitui um factor fundamental para a melhor compreensão da nossa identidade, vista como realidade aberta, na encruzilhada entre a herança e a criação, entre a tradição e a inovação.
Agradecemos à Directora do MNAA e à sua equipa a oportunidade que nos dá de melhor conhecermos um acervo tão rico e fundamental para a compreensão do que somos como povo e como cultura.
Uma Peça do Museu Nacional de Arte Antiga
Semana de 14 a 20 de Outubro 2008
Combate de Hércules
contra os Centauros
Bruxelas
Meados do século XVI
Lã e seda
Prov. Compra, Leilão Burnay, 1936
Inv. 73 Tap
Hércules, filho de Júpiter e de Alcmena e, talvez, o mais popular herói da mitologia greco-latina, sintetiza na sua filiação a dupla essência do divino e do humano. Os seus trabalhos, explorações e aventuras aliados às suas fraquezas humanas vão dar origem a inúmeros relatos, da tragédia à comédia, que servirão de base a uma imensa iconografia.
Para além da tapeçaria, as façanhas e amores de Hércules são repetidamente representados nos bordados designadamente nas colchas indo-portuguesas.
Dominando com grande mestria a linguagem renascentista de influência italo-flamenga, este exemplar é um dos mais significativos da colecção do Museu tanto do ponto de vista do desenho como da técnica e da iconografia.
O virtuosismo da técnica têxtil é bem visível na modelação audaciosa das figuras do primeiro plano e na percepção quase pictural de todo o espaço.
Na cercadura larga sobressaem frutos rodeados de flores e folhagem. Na base das duas barras laterais, inseridas em dois elementos arquitectónicos tipicamente renascentistas, duas figuras femininas, tratadas como se fossem escultura, representam duas virtudes menores identificadas pelas respectivas legendas na base dos nichos:
Liberalitas, à direita, e Descreptio, à esquerda.
Esta tapeçaria pertenceu a uma armação — conjunto de panos tecidos na mesma oficina com a mesma cercadura e que narram diferentes passos da mesma história — sobre a história de Hércules. Ciclos com este tema, abordando preferencialmente os ‘Trabalhos de Hércules”, foram tecidos numerosas vezes até meados do século XVII, e, embora não exista nenhum ciclo completo, encontram-se panos em muitos museus europeus, desde a Bélgica à República Checa, passando pela Áustria.