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Nobel da Literatura para Kazuo Ishiguro

A Academia Sueca distinguiu o escritor inglês, que se tornou globalmente conhecido com “Os Despojos do Dia”, pela “força emocional” dos seus romances.

Natural de Nagasáqui, no Japão, onde nasceu em 1954, Ishiguro mudou-se com a família para o Reino Unido quando tinha cinco anos. Licenciou-se pela Universidade de Kent em 1978 e obteve um mestrado em escrita criativa pela Universidade de East Anglia em 1980.

Desde o seu primeiro romance, As Colinas de Nagasaki, (1982), que Kazuo Ishiguro “tem sido um escritor a tempo inteiro”, sublinha a Academia Sueca; tal como a sua segunda obra, Um Artista do Mundo Transitório (1986), editada em Portugal pela Livro Aberto, o romance passa-se na cidade japonesa onde o escritor nasceu, alguns anos depois da Segunda Guerra Mundial e do bombardeamento atómico pelos EUA.

A escrita de Ishiguro “é marcada por uma expressão cuidadosamente contida, independentemente dos acontecimentos que retrata”. A sua ficção mais recente contém temas fantásticos, como o distópico Nunca Me Deixes (2005), onde se interroga sobre o que aconteceria se em vez de uma era nuclear vivêssemos um tempo marcado pelas descobertas da biotecnologia como a clonagem. Aqui, diz a Academia, “introduz uma fria corrente subjacente de ficção científica no seu trabalho”, explorando, ao mesmo tempo referências musicais, visíveis em vários outros trabalhos de ficção, como se pode ver na coleção de contos Nocturnos (2009), “onde a música tem um papel fundamental para retratar as relações dos personagens”.

No seu último romance, O Gigante Enterrado, Ishiguro coloca na estrada um casal idoso, em plena paisagem arcaica inglesa, que viaja à procura de um filho adulto que já não vê há anos.

Fonte: Jornal Público



PRÉMIOS NOBEL 2017 já anunciados (em atualização)

  • PRÉMIO NOBEL DA QUÍMICA

Jacques Dubochet, Joachim Frank e Richard Henderson

O Prémio Nobel da Química foi atribuído a três investigadores responsáveis pelo desenvolvimento das técnicas para visualizar biomoléculas. Os galardoados são Jacques Dubochet, da Suíça, de 75 anos, Joachim Frank, 77, e Richard Henderson, 72, da Escócia.
No texto divulgado no site do Prémio Nobel, assinala-se que poderemos em breve ter imagens das complexas maquinarias da vida em resolução atómica, graças ao trabalho dos três investigadores, que desenvolveram a crio-microscopia, técnica que “simplifica e melhora” a observação das biomoléculas. “O método fez a bioquímica entrar numa nova era”.
Até então, refere o mesmo texto, “os mapas bioquímicos eram preenchidos por espaços em branco porque a tecnologia disponível tem tido dificuldades em gerar imagens de grande parte da maquinaria molecular da vida. A crio-microscopia muda tudo isto”.
Em 1990, Richard Henderson conseguiu usar um microscópio eletrónico para gerar uma imagem tridimensional de uma proteína em resolução atómica. Joachim Frank tornou esta tecnologia aplicável: entre 1975 e 1986, o investigador desenvolveu um método de processamento de imagens no qual as imagens desfocadas e bidimensionais do microscópio eram analisadas e fundidas de maneira a criar uma estrutura a três dimensões.
Jacques Dubochet adicionou água ao microscópio eletrónico, que evapora no vácuo e faz com que as biomoléculas colapsem. No início da década de 1980, conseguiu arrefecer a água tão rapidamente que a solidificava em torno da estrutura biológica, permitindo às biomoléculas reterem a forma original.
Estas descobertas combinadas permitiram que, em 2013, fosse atingida a resolução atómica desejada pelos cientistas, que agora conseguem reproduzir e visualizar de forma rotineira estruturas a três dimensões das biomoléculas.
O suíço Jacques Dubochet, da Universidade de Lausanne, o americano Joachim Frank, da Universidade de Columbia e o escocês Richard Henderson, do Laboratório de Biologia Molecular de Cambridge, vão partilhar o prémio no valor de 1,1 milhões de euros.
A primeira informação divulgada pela agência Associated Press referia incorretamente que dois dos investigadores eram americanos.

  • PRÉMIO NOBEL DA FÍSICA

Rainer Weiss, Barry C. Barish e Kip S. Thorne


O Comité Nobel sueco distinguiu o alemão Rainer Weiss, de 85 anos, e os americanos Barry C. Barish, de 81 anos, e Kip S. Thorne, de 77 anos, pelo seu estudo e “observação das ondas gravitacionais”. Um trabalho que permitiu “finalmente a sua captura” e compreensão.
Para o Comité Nobel “está-se perante algo totalmente novo e diferente, que abre mundos até agora insuspeitos”.
A observação das ondas gravitacionais ocorreu em 2015 pela primeira vez. No ano seguinte, em fevereiro, foi anunciado ter sido gravado o som de ondas gravitacionais resultantes de um colisão de dois buracos negros a mil milhões de anos de luz – a primeira evidência direta da sua existência. E também a confirmação da natureza dos buracos negros.
“Um sem fim de descobertas estão agora ao nosso alcance” após terem sido, finalmente, “capturadas as ondas e entendidas as suas mensagens”, refere o texto a justificar a atribuição do prémio.
O conceito de ondas gravitacionais foi inicialmente formulado por Albert Einstein, ele próprio distinguido com o Nobel da Física em 1921.
Weiss, Barish e Thorne, em colaboração com um outro cientista, Ron Drever, falecido em 2016, estão na origem do projeto LIGO (Laser Interferometer Gravitationa-wave Observatory, Observatório Interferómetro Laser de Ondas Gravitacionais) que levou à descoberta agora distinguida.

  • PRÉMIO NOBEL DE MEDICINA

Jeferry C. Hall, Miichael Rosbash e Michael W. Young


O prémio Nobel da Medicina foi  atribuído em conjunto aos investigadores Jeferry C. Hall, Miichael Rosbash e Michael W. Young por descobertas relativas aos mecanismos moleculares que controlam o ritmo circadiano.
“As descobertas efectuadas revelam como as plantas, os animais e os humanos adapatam os seus ritmos biológicos de forma a estarem sincronizados com o movimento da Terra”, lê-se no comunicado, divulgado em Estocolmo, que anunciou a atribuição.
O texto do comunicado do Comité Nobel explica que “a vida na Terra está adaptada à rotação do nosso planeta. Há muitos anos que sabemos estarem os organismos vivos, inclusive os humanos, dotados de um relógio interno, biológico, que os ajuda a antecipar e adaptar ao ritmo regular de cada dia. Mas como funciona este relógio? Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael w. Young foram capazes de descortinar nos nossos relógios biológicos e explicar como estes funcionam. As suas descobertas elucidam como as plantas, animais e seres humanos adaptam os respetivos ritmos biológicos de forma a estarem sincronizados com os movimentos de rotação” do planeta.
O Comité Nobel explica no texto a justificar a atribuição do Prémio em 2017 que “com extraordinária precisão, os nossos relógios internos adaptam a nossa fisiologia às tremendamente diferentes fases do dia [24 horas]. Estes relógios regulam funções essenciais como o comportamento, o nível de hormonas, o sono, a temperatura do corpo e seu metabolismo. O nosso bem-estar é afetado quando se verifica um desajustamento temporário entre o ambiente externo e este relógio interno”. O Comité Nobel refere como exemplo a situação de se atravessarem diferentes fusos horários e vive a experiência de “jet leg”. 

Os três cientistas recorreram nos seus trabalhos a moscas da fruta para isolarem o gene que controla o ritmo biológico normal e demonstraram como este gene origina uma proteína que se acumula na célula durante a noite e se consome durante o dia. Uma divergência neste padrão pode resultar em doenças e desadequação motora e psicológica perante a realidade envolvente. 

Jeffrey C. Hall e Michael Rosbash foram professores na Universidade Brandeis, em Boston, e Michael Young na Universidade Rockfeller, em Nova Iorque.
 


 
 Os prémios serão entregues dia 10 de dezembro, 
data da morte do fundador do prémio, Alfred Nobel, em 1896.


 
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