ROTEIROS CNC / DIÁRIO ECONÓMICO
MIRADOUROS DE LISBOA
As características geomorfológicas da cidade de Lisboa permitem surpreender o visitante com toda uma série de magnífícas panorâmicas onde o contraste da luz sobre as colinas e o Tejo se renova constantemente. Os motivos são muitos e diversos, desde a beleza do casario antigo alcandorado nas encostas, ao polvilhar do verde de jardins e parques, passando pela azáfama do tráfego ribeirinho e das embarcações, até ao perder de vista do recorte de serras.
Lisboa, cidade mítica e antiga, começou por ocupar inicialmente o «oppidum» a que corresponde a colina do Castelo, e, foi com o caminhar dos tempos, dilatando-se, ganhando novos vales e colinas, ligando-os entre si. Todo este processo conferiu-lhe, umas vezes, por força de feliz acaso, outras, por planeamento urbano, uma conjugação plástica harmoniosa, que reflecte o espírito e as vicissitudes das épocas.
São numerosos os miradouros de Lisboa. Comecemos pelo do Castelo, berço da cidade, ao qual se tem acesso através de velhos bairros, de apertadas e sinuosas ruelas que denunciam raízes mouriscas. Deste lugar altaneiro depara-se ao visitante um cenário idílico. Em baixo observa-se Alfama com o seu emblemático casario, debruçando-se em anfiteatro sobre o Tejo. Mais além, destacam-se as torres ameadas da Sé, a velha Mouraria, a Baixa Pombalina com a sua malha ortogonal que nos evoca a reconstrução da cidade após o Terramoto de 1755 e, ao fundo, o Carmo e as suas ruínas góticas, na designada colina de S. Roque. Noutras perspectivas, surgem-nos a colina da Graça, o Monte de S. Gens, a Penha de França. Na outra margem do Tejo, na linha do horizonte, a vista alcança a bela silhueta da Serra da Arrábida. No Castelo, além do miradouro que é proporcionado ao longo das muralhas, o visitante pode também ver a cidade em toda a sua amplitude através de um periscópio recentemente instalado numa torre do castelo, que permite a obtenção de panorâmicas por meio de uma câmara escura à qual têm acesso grupos de 15 pessoas.
Na encosta da colina do Castelo virada ao Tejo, localiza-se o miradouro de Santa Luzia justamente considerado uma das melhores janelas sobre o rio. Este pequeno espaço ajardinado e decorado com dois painéis de azulejos alusivos à conquista de Lisboa, possibilita um pitoresco cenário de S. Vicente e de Alfama descendo sobre o Tejo. Destaca-se no quadro, a alvura do zimbório da Igreja de Santa Engrácia (Panteão Nacional) e a fachada da igreja de S. Miguel. Num plano superior, junto da cerca moura, outra panorâmica surpreendente é possibilitada pelo miradouro das Portas do Sol. Mais abaixo, cabe realçar o miradouro de Santo Estevão, formado pelo adro da Igreja com o mesmo nome.
Muito próximo da colina do Castelo, a nordeste, no cimo de outra elevação, está o miradouro da Graça. Local priveligiado, que convida o visitante a descansar sob a agradável sombra dos pinheiros mansos ali plantados e a deleitar-se com o recorte paisagístico que lhe é dado a apreciar. Um pouco mais para noroeste, sobranceiro à Graça, fica o já referido Monte de S. Gens onde se localiza o miradouro da Senhora do Monte. Daqui é possível ver quase tudo. Impõe-se, à esquerda, a Igreja da Graça com a sua torre, logo adiante, a omnipresente linha do Tejo e a outra margem, interrompidas pela frondosa colina do Castelo de S. Jorge e telhados da Mouraria. Seguindo o olhar no mesmo sentido, surge a Baixa e, num plano superior, o Carmo. É ainda um óptimo lugar para avistar a Serra de Monsanto, e do lado norte, as avenidas novas e a Penha de França.