O lançamento do livro “Lisboa, História Física e Moral”, de José-Augusto França, decorrerá no próximo dia 3 de Dezembro, quarta-feira, às 18h30, no Centro Nacional de Cultura. A apresentação será feita pela Professora Arquitecta Ana Tostões e pelo Professor José Custódio Vieira da Silva. Trata-se de uma obra publicada com a chancela dos Livros Horizonte.
Lisboa
História Física e Moral, por José-Augusto França
“Lisboa, História Física e Moral” é um livro de enorme fôlego que traça o perfil vivo e o carácter de uma cidade contínua no tempo.
A esperada obra do historiador e crítico de arte José-Augusto França unifica as visões fragmentárias sobre Lisboa a partir do comportamento, vaidades e devoções dos lisboetas, tecendo uma história humanizada, vibrante e coerente.
É um livro de informação rigorosa e fascinante, que nos leva do Paleolítico à Expo 98, unindo o urbanismo e a economia à política e à cultura.
«Intitula-se “História Física e Moral” esta História de Lisboa – e assim crê o autor que devem ser as histórias de todas as cidades, feitas de ruas e casas, tanto quanto de gentes que as percorrem e habitam. As pedras mortas, que se acumulam por protecção e as vivas (“ce sont hommes”, Pascal), que lhes dão sentido e necessidade, devem ser correlativas, para que a cidade exista em sua coerência. No tempo que a atravessa, os homens afeiçoam-se em engenhos e intrigas, procuram a felicidade possível, comportam-se, em suma, como seres humanos, bons e maus, ou nem isso, em seus costumes que os séculos mudam em morais e modas. E constroem por comodidade e lucro, por vaidade também, e devoção, quando foi caso disso; por necessidade de criação, nos mais nobres casos».
É deste modo que abre o livro de José-Augusto França, abrindo também as portas a uma reflexão que o autor propõe:
«A civilização tem origem na cidade-civitas e por isso deve sempre pôr-se em questão a própria cidade – como o é, para que o é. E se o é.
Antes de contar a história de Lisboa, fica bem perguntá-lo, como o autor, aliás, já fez, em título de um primeiro curso universitário que fundou, há exactamente trinta anos».
Nesta cidade, segundo o autor, «Em oito séculos e meio de história os lisboetas foram e vão vivendo a sua mansa continuidade, com benefício do clima – e do Tejo da sua necessidade de transporte e de recuperada ecologia, se o for, numa sociedade de consumo, mais físico e financeiro que moral».
E desengane-se quem supuser que «por ir tendo, desde o século XIX, mais factos e dados registados, na abundância de informação disponível, a Lisboa de 2000 é mais importante do que a de 1500 (…). A todo o momento da leitura isso deve estar presente no espírito – como o esteve à responsabilidade do historiador», afirma José-Augusto França no prefácio da obra.
Lisboa, História Física e Moral cobre a existência contínua da cidade de Lisboa, abordando inicialmente o sítio geográfico e os seus primeiros habitantes, e depois as cidades romana, visigótica, muçulmana e depois cristã até ao século XXI.
Sete capítulos tratam dos períodos culturais das Lisboas sucessivamente “Medieval”, “Manuelina”, “Maneirista”, “Filipina”, “Barroca”, “Joanina”, “Pombalina” e “Oitocentista” e “Novecentista”.
Os dois séculos finais são designados mais directamente pela sua situação cronológica, dada a variedade e variação dos seus conteúdos culturais e orgânicos.
O discurso histórico é conduzido sempre num plano geral, atento ao urbanismo e à arquitectura, com o inventário necessário, e às práticas políticas, sociais e culturais. As partes “física” e “moral” da cidade, no seu todo.
Vinte e três subcapítulos, inseridos cronologicamente, tratam com maior pormenor de factos históricos e políticos, ou de criações e eventos culturais de especial significado – até à exposição mundial de 1998.
José-Augusto França (Tomar, 1922) – licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras de Lisboa em 1944, doutorado em História (1962) e em Letras e Ciências Humanas (1969) na Sorbonne. Entre 1947 e 1949 participou nas actividades do Grupo Surrealista de Lisboa, dirigiu a revista Unicórnio (1951-1956), a Galeria de Março (1952-1954) e o Dicionário da Pintura Universal (1959-1973). Foi Director da revista Colóquio/Artes (1971-1996) e de 1980 a 1986 dirigiu o Centro Cultural Português em Paris. Foi professor na Sociedade Nacional de Belas-Artes e na Universidade Nova de Lisboa, em que teve a seu cargo as cadeiras de História da Cultura e de História da Arte. É catedrático jubilado da Universidade Nova de Lisboa, membro da Academia das Ciências e antigo Presidente da Academia Nacional de Belas Artes. É membro honorário do Comité International d’Histoire de l’Art e antigo membro do Comité du Patrimoine Mondial (UNESCO).
Enquanto crítico de arte e ensaísta publicou mais de 2000 artigos e obras de que se destaca O Romantismo em Portugal, A Arte em Portugal no século XIX, A Arte em Portugal no século XX, 100 quadros portugueses do século XX, Amadeo de Souza Cardoso, Situação da Pintura Ocidental, Dez Anos de Cinema, Charles Chaplin, o “Self Made Myth”, Almada Negreiros, o Mestre sem Obra, O Modernismo na Arte Portuguesa.
Obra Olissipográfica
Em 1967-1970, foi responsável pela classificação da área histórica de Lisboa a preservar e em 1992 foi-lhe atribuída a Medalha de Honra da Cidade. Programou o curso de Estudos Olisiponenses na Universidade Autónoma de Lisboa.
É autor de importante obra olissipográfica iniciada em 1965 com Une Ville des Lumières: La Lisbonne de Pombal.
LISBOA, URBANISMO E ARQUITECTURA
LISBOA 1898. ESTUDO DE FACTOS SOCIOCULTURAIS
MONTE OLIVETE, MINHA ALDEIA
O GRÉMIO LITERÁRIO
28 – CRÓNICA DE UM PERCURSO
LISBOETAS NO SÉCULO XX