Lançamento do livro
“TEATRO EM PORTUGAL”
de Duarte Ivo Cruz
Leituras de Glória de Matos e João D’Ávila
Dia 20 de Setembro
18h30
Galeria Fernando Pessoa, Centro Nacional de Cultura
Lg. do Picadeiro, 10 – 1º
ENTRADA LIVRE
O TEATRO EM PORTUGAL
UMA VIAGEM PELO TEXTO, PELO ESPECTACULO, PELA CULTURA E PELA SOCIEDADE
Nesta edição dos CTT e na emissão dos belíssimos selos que a acompanha, da autoria de Luis Duran, parte-se da realidade do texto teatral para se analisar não só a evolução histórica mas também a própria evolução cultural e social portuguesa, tal como as três componentes do espectaculo – autor, actores, publico – a criaram ao longo dos seculos.
E tenha-se em vista que o teatro é uma arte eminentemente publica e social por definição. Sem publico, sem espetaculo, pode haver poesia ou prosa dialogadas, mas não há teatro.
E nesse sentido, a implicação necessária do espetáculo liga indissociavelmente a história do teatro á evolução histórica no seu conjunto mais global e abrangente.
“O Teatro em Portugal” percorre assim as diversas épocas e estilos da literatura dramática e do espetáculo, a começar nos autores pré-vicentinos, mas dando obviamente destaque à obra iniciática de Gil Vicente e dos autores da sua escola. O renascimento é devidamente ilustrado a partir das obras iniciáticas de Sá de Miranda e dos seus seguidores, com o destaque para António Ferreira. E com ele se relaciona o classicismo de Camões .
Segue-se a transição do classicismo para os sinais de pré-romantismo, com destaque para D. Francisco Manoel de melo e o judeu, ambos, como veremos, marcantes no conteúdo ideológico critico.
E depois, temos com Garrett e os seus seguidores imediatos a explosão romântica e ultra-romantica, numa fase em que o teatro se afirma e se mistura com a vida politica e com a ideologia liberal, numa plêiade de políticos- dramaturgos , a começar por Mendes Leal e a evoluir, na transição do seculo XIX e ao longo do seculo XX para o realismo e para as expressões da modernidade, até aos nossos dias.
E aí se analisam as obras de D. João da camara de Teixeira Gomes, de Raul Brandão, Fernando pessoa e os poetas do Orpheu, de Carlos Selvagem, de Ramada Curto, de Alfredo Cortez, de José Régio e Miguel Torga, Joaquim Paço dArcos, de Luis Francisco Rebello, Bernardo Santareno, Sttau Monteiro, David Mourão Ferreira, José Saramago de tantos mais e e dos que felizmente estão vivos e a produzir…
Na verdade, uma História do Teatro Português é necessariamente uma expressão da própria Historia de Portugal. E nesse sentido, acresce que são marcantes as épocas em que a História do Teatro se confunde diretamente com a história politica, através dos conteúdos mas também através dos próprios protagonistas, a nível de autores ou de espectadores privilegiados.
Não é por acaso que Gil Vicente se auto-denomina como “o que faz os autos e El-rei”. Ou que António Ferreira questiona na “Castro” os limites do poder real. D. João II figurou pessoalmente em representações teatrais . Mas em contrapartida, D. Francisco Manoel de Melo e sobretudo António José da Silva pagaram caro , sobretudo o ultimo, as posições assumidas na vida e na obra.
Garrett foi Ministro e diplomata: mas escreveu por exemplo que “fidalguia ou nobreza não está no sangue(…) está nos sentimentos da alma. O que está no sangue é a obrigação de ser nobre”.
E na sequencia da renovação de Garrett, encontramos, até hoje, mas com grande enfase na transição dos seculos XIX-XX e (menos) no seculo XXI, uma vasta e por vezes extraordinária coincidencia entre a criação dramática e a atividade politica; não faltam em Portugal políticos – dramaturgos ou dramaturgos políticos, como se queira vêr!…