O Centro Nacional de Cultura e a Editora Modo de Ler apreciariam poder contar com a sua presença nesta sessão, onde serão lidos alguns poemas desta obra, e em que estará presente o Autor para no final autografar a edição.
Francisco d’Eulália
José de Faria Costa, que usa o nome literário de Francisco d’Eulália, é Professor Catedrático na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Autor de uma vasta obra no mundo das ciências jurídico-penais, com incursões relevantes no campo da filosofia do direito e da bioética. Faz parte de vários conselhos redatoriais de revistas, nacionais e estrangeiras, da sua especialidade. A 24 de Julho de 2013, foi eleito, por mais de dois terços dos membros da Assembleia da República, como Provedor de Justiça, tendo tomado posse a 31 de julho do mesmo ano. Por inerência das suas atuais funções, é membro do Conselho de Estado.
São várias as obras publicadas sob o pseudónimo de Francisco d’Eulália: Belém e outros escritos breves, A raiz do Teu Gesto, No Regaço da Memória, Poesia & Minúscula Moralia e 66 Poemas e Onze Repetições. Canto Longo e Outros Poemas é a quinta obra poética deste autor, que, ora, se apresenta.
Fecha-se uma janela
fecha-se uma janela
depois outra
outra
e mais outra
a que dava para o quintal
por fim a porta
só nos resta
uma fresta
mas por esta
entra uma luzinha
pequenina insignificante
quase se não vê
que
ungaretti e
m’illumino d’immenso
basta-me
Reivindico a subjetividade de sujeito-leitor e digo que a vida de Canto Longo & Outros Poemas ultrapassa a visão dos acontecimentos, permeando o reconhecimento do que é concreto ao abstrato; digo que a tessitura das palavras convoca imagens que me aproximam do objeto; digo que na erotização da arte, na sedução exercida, vejo a captação de espelhamentos refletores de desenvolvimentos parciais e, concomitantemente, cumulativos, que a sua poética projeta. Dessa poética digo: abertura para a vida.
Digo articulação, segmentaridade, estratos, territorialidade e desterritorialização, desestratificação, linhas de fuga. “A questão é produzir inconsciente e, com ele, novos enunciados, outros desejos: o rizoma é esta produção de inconsciente” (Deleuze & Guattari). Então, Canto Longo & Outros Poemas configura-se um pequeno engenho em que cabe mensurar a relação literária com a máquina da abstração que a arrasta.