João Salgueiro deixou-nos. Morreu um grande amigo. Foi um dos economistas mais relevantes e brilhantes no último meio século em Portugal. Era uma voz lúcida e crítica que continua a ter de ser ouvida. Sócio efetivo do Centro Nacional de Cultura foi um amigo muito próximo e comprometido na defesa dos valores da cultura e da cidadania. Com Maria Idalina Salgueiro foi uma presença constante na defesa da importância da participação e da iniciativa da sociedade civil na vida política e na criação cultural. Fica, por isso, uma grande saudade, mas a força do seu exemplo e da sua palavra.
O economista e ex-ministro das Finanças iniciou a sua vida profissional no Banco de Fomento Nacional e manteve sempre um percurso ligado à economia, ao planeamento e à banca. João Maurício Fernandes Salgueiro nasceu em Braga a 4 de setembro de 1934 e licenciou-se em Economia pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (ISCEF) da Universidade de Lisboa. Presidiu nos anos cinquenta à Juventude Católica Portuguesa e participou na fundação da Sedes em 1970, tendo sido presidente da Assembleia Geral desta associação cívica.
Ligado ao Secretariado Técnico da Presidência do Conselho, em 1969 foi nomeado subsecretário de Estado do Planeamento no Governo liderado por Marcello Caetano e ocupou o cargo até 1971. Defensor empenhado da modernização do País num contexto europeu, após 25 de Abril de 1974, aderiu ao PSD e entre agosto de 1974 e março de 1975 foi vice-governador do Banco de Portugal. No âmbito da Aliança Democrática, no VIII Governo Constitucional (1981-1983), coligação que englobava o PSD, o CDS e o PPM, liderada por Pinto Balsemão, João Salgueiro ocupou no VIII Governo Constitucional (1981-83) o cargo de ministro de Estado e das Finanças. Depois exerceu ainda funções de deputado e presidiu à Comissão Parlamentar de Economia, Finanças e Plano. No XII congresso do PSD, realizado em maio de 1985 na Figueira da Foz, foi candidato à liderança do partido, tendo sido vencido por Aníbal Cavaco Silva.
João Salgueiro exerceu funções docentes ligadas à economia, ao planeamento e à gestão bancária e ocupou diversos cargos na banca, tendo sido Presidente do Conselho de Administração do Banco Nacional Ultramarino e da Caixa Geral de Depósitos, de onde saiu em 2000. Nesse ano, assumiu a presidência da Associação Portuguesa de Bancos, e foi ainda vice-presidente do Conselho Económico e Social. Casado com Maria Idalina Neves de Sousa teve sempre uma ativa vida cívica e deu sempre a maior importância à cidadania cultural. Deixa-nos uma das referências da democracia portuguesa e da reflexão económica.
O Centro Nacional de Cultura homenageia a sua memória e apresenta sentidas condolências à família e amigos.
GOM