Isabel Maria de Lucena Vasconcelos Cruz de Almeida Mota, de seu nome completo, nasceu em Lisboa, teve uma educação tradicional, uma adolescência pacata e passou dois anos em Moçambique, onde o pai foi colocado em missão.
Licenciou-se em Economia e Finanças, foi assistente no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa e conselheira na Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia, em Bruxelas, tendo representado Portugal em várias organizações multilaterais.
Chamada para o Governo, integrou os XI e XII Governos Constitucionais, chefiados por Aníbal Cavaco Silva, como Secretária de Estado do Planeamento e do Desenvolvimento Regional, com responsabilidade nas negociações com a União Europeia dos fundos estruturais e de coesão para Portugal, entre 1987 e 1995.
Em 1996 foi dirigir o Serviço de Orçamento, Planeamento e Controlo da Fundação Calouste Gulbenkian, passando a administradora desta instituição, em 1999.
Foi um percurso de duas décadas que lhe permitiu conhecer a grande casa por dentro, em diferentes áreas, onde demonstrou a sua fibra, a competência técnica e a sensibilidade.
Nestes 20 anos, mandou nos serviços centrais, no restauro da fundação, no planeamento do novo auditório e ganhou outros pelouros como a Saúde, o Desenvolvimento Humano, as relações externas e ainda lançou a orquestra Geração.
Enquanto presidente da Fundação, Isabel Mota definiu três compromissos: “O primeiro, com o futuro”, com a fundação a acompanhar os novos tempos, em Portugal e nas comunidades que serve; “o segundo, com os mais vulneráveis”, principais beneficiários da atividade da fundação; por fim, “mas não menos importante, com a importância da arte e da cultura que nos dão a sabedoria e constituem os alicerces da tão necessária tolerância nos tempos conturbados em que vivemos”.
O seu currículo é tão invejável como a sua comunicabilidade e extrema simpatia. Isabel Mota conhece meio mundo. Privou com Desmond Tutu (Nobel da Paz em 1984), Hillary Clinton (candidata à Casa Branca), Bill Gates (fundador da Microsoft). E lidou de perto com personalidades como Jacques Delors, Helmut Kohl, Jacques Chirac, John Major ou José María Aznar. Por cá rendem-lhe homenagem e admiram-lhe as qualidades de persistência e de sabedoria a resolver os dossiês mais delicados.
É uma mulher de família, coleciona amigos e é católica praticante. Soube construir uma carreira invulgar, sem nunca perder de vista uma filosofia de vida própria. Ainda hoje, com os quatro filhos e 11 netos, reúne a prole à mesa do almoço de domingo.
Isabel Mota entrou para a História ao assumir a presidência da Fundação. Diz-se feliz e acredita que “as pessoas felizes não têm história”. A 3 de maio, tornou-se a primeira mulher a dirigir a maior fundação do País, “uma espécie de coroação da sua intensa atividade e dedicação à fundação”, como a definiu Leonor Beleza, também satisfeita com a oportunidade de colaboração entre as duas fundações – a Gulbenkian e a Champalimaud, a que preside.
É esta personalidade brilhante e multifacetada, que deixou um traço inesquecível da sua personalidade por onde passou, desde Bruxelas, ao Governo ou à Academia, que estará connosco, iniciando um prometedor ciclo de jantares-debate.
Data e hora: 23 de outubro de 2017, às 20h30
Local: Grémio Literário
Preço: 30€
Informações e inscrições: clube.portugues.imprensa@cnc.pt