Mais 30 Boas Razões para Portugal

(II) A Bandeira

Na sequência da implantação da República o Governo Provisório nomeou uma Comissão para propor uma nova bandeira nacional, constituída por Columbano Bordalo Pinheiro, João Chagas, Abel Botelho, Ladislau Parreira e José Afonso de Pala. O modelo escolhido baseou-se na bandeira dos centros republicanos arvorada na Rotunda e no navio “Adamastor” durante a revolução de 1910, como já acontecera em 31 de janeiro de 1891. A Comissão considerou que o vermelho deveria estar presente como uma das principais cores, “porque é uma cor combativa, quente, viril, por excelência. É a cor da conquista e do riso. Uma cor cantante, ardente, alegre (…). Lembra o sangue e incita à vitória.” Quanto ao verde, invocou-se a presença no Porto em 1891 e a virtude da esperança e o branco a bordejar o escudo central representava “uma cor bonita e fraterna, em que todas as outras cores se fundem, cor de simplicidade, de harmonia e paz”, correspondendo, cheia de entusiasmo e fé à invocação do ciclo épico dos Descobrimentos, através da Cruz da Ordem de Cristo. No centro, a esfera armilar de D. Manuel I consagra a “épica história marítima portuguesa” e o desafio “essencial para a nossa vida coletiva”, sendo o escudo português mantido, colocado sobre a esfera armilar. Assim se imortalizaria o “milagre humano de bravura positiva, tenacidade, diplomacia e audácia, que conseguiu ligar os primeiros elos da afirmação social e política da nação portuguesa”, uma vez que é um dos mais “vigorosos símbolos da identidade e integridade nacional”. O verde adotado, na linha da dinastia de Aviz e dos símbolos de D. Manuel, foi esmeralda e não o verde escuro proposto por Columbano e aprovado pela comissão por um erro de execução… As tintureiras da Cordoaria Nacional não conseguiram o verde escuro e ficou o esmeralda. Columbano comentou: – «Não ficou como eu desejava, tenho pena»… O escudo de Portugal recorda o mítico milagre de Ourique – a batalha vencida por D. Afonso Henriques em 25 de julho de 1139, dia de Santiago, em lugar incerta, referida na Crónica de 1419. Então teria ocorrido a aparição de Cristo, como ao Imperador Constantino na Batalha da Ponte Mílvia (312). O brasão é descrito heraldicamente assim: “de prata com cinco escudetes de azul, postos em cruz de Cristo, cada um carregado por cinco besantes de prata, postos em cruz de Santo André; bordadura de vermelho carregada de sete castelos de ouro; o escudo sobreposto a uma esfera armilar rodeada por dois ramos de oliveira ou loureiro de ouro, atados por uma fita verde e vermelha”. O lema é o verso de Camões em “Os Lusíadas”: “Esta é a ditosa Pátria Minha Amada”. As quinas vêm da bandeira inicial de D. Afonso: cruz azul dos cruzados. As quinas podem representar as cinco chagas de Cristo e os besantes variaram em número sem clara explicação. Os castelos correspondem às armas de D. Afonso III, o bolonhês, que já usara em Boulogne.  A nova Bandeira Nacional foi apresentada oficialmente por ocasião dos 270 anos da Restauração da Independência, no dia 1º de Dezembro de 1910, data definida como Festa da Bandeira Nacional, sendo declarada feriado nacional. A bandeira foi hasteada a primeira vez na Praça dos Restauradores. A Bandeira foi aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte, na sua sessão de abertura, através do decreto de 19 de junho de 1911, publicado a 20 de junho. Foi símbolo heroico do Corpo Expedicionário Português…

GOM

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