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Eduardo Lourenço e Plantu recebem Prémio Helena Vaz da Silva 2016

Eduardo Lourenço, ensaísta e filósofo português, e Jean Plantureux, conhecido como Plantu, famoso cartoonista do jornal francês “Le Monde” receberam o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural 2016 do Presidente da República de Portugal numa cerimónia memorável realizada em outubro na Fundação Calouste Gulbenkian.

Marcelo Rebelo de Sousa destacou o “génio dos premiados”, “unidos por uma visão crítica, mas nunca negativa da Europa”, “acérrimos defensores da tolerância, da riqueza cultural e da abertura civilizacional”. O Presidente da República sublinhou que “tal como Helena Vaz da Silva, Eduardo Lourenço e Plantu nos fazem olhar com esperança para o futuro e provam que vale a pena lutarmos pela cultura e pela Europa”. Entre as várias personalidades presentes na cerimónia esteve António Guterres, recém-eleito Secretário-Geral das Nações Unidas.  

 

“Mesmo quando somos críticos em relação à Europa que existe – à intolerância dessa Europa perante migrações e refugiados, à sua incompreensão em relação a vizinhos, muitas vezes próximos, à sua incapacidade para se recriar e renovar e de corresponder à esperança que esteve na sua génese; mesmo quando essa Europa se nega, através dos populismos, da xenofobia, dos nacionalismos – nós acreditamos na Europa. Quando encontramos prémios como este, nós sentimos que vale a pena sermos Europeus; vale a pena lutarmos pela liberdade e pela democracia; vale a pena acreditarmos que os populismos não triunfarão; que a cultura, a civilização e o património cultural Europeu serão vencedores,” defendeu o Presidente da República.

 

Guilherme d’Oliveira Martins, Presidente do Júri do Prémio, que foi instituído em 2013 pelo Centro Nacional de Cultura em cooperação com a Europa Nostra, a principal organização europeia de defesa do património na Europa, e o Clube Português de Imprensa, fez um discurso em louvor do ensaísta português. “Para Eduardo Lourenço, o património constitui a preservação da memória e o constante repensar do que recebemos das gerações que nos antecedem, em nome da liberdade, da responsabilidade e da capacidade de nos compreendermos e respeitarmos melhor”. Oliveira Martins enfatizou que “este Prémio, atribuído a um filósofo e a um artista plástico, constitui um alerta contra a indiferença, um alerta pela liberdade.”

   

Denis de Kergorlay, Presidente Executivo da Europa Nostra, traçou o retrato do cartoonista francês. “Plantu é um idealista humanista. Enquanto Presidente da Fundação Cartooning for Peace, ele age como um federador de idealistas humanistas contra os ditadores, os populistas e os sectários. Plantu combate a violência feita aos homens e a natureza à escala planetária, usando armas poderosas que não são detetadas em aeroportos: caneta e papel. Os seus desenhos – cerca de 45,000 ao longo de mais de 40 anos de carreira – são resultado de um extraordinário talento, mas também da sua rara sensibilidade, generosidade, curiosidade e da sua imensa cultura.” E concluiu: “Continua a tua missão de promoção da paz, da cultura e dos valores Europeus, estamos todos contigo.”

 

No seu discurso de aceitação do Prémio, Eduardo Lourenço recordou com emoção Helena Vaz da Silva, “a sua serena audácia, o seu contentamento descontente, a sua curiosidade insaciável, a sua notável dedicação ao património, à cultura e à Europa, o seu amor pelos outros e pelo mundo”, e agradeceu este importante galardão Europeu criado com o seu nome. Eduardo Lourenço saudou a presença, entre outros, de António Guterres e afirmou que “a sua nomeação para Secretário-Geral das Nações Unidas é um sinal de esperança para o mundo e um orgulho para Portugal”.

 

Já Plantu, mostrou uma seleção de cartoons exibidos à entrada do auditório 3 da Fundação Gulbenkian e falou da Europa, de guerras, de esperança e de crises, da necessidade de promover a diálogo e o entendimento entre povos, culturas e países. Dedicou especial atenção a Portugal, falou de fado e da nostalgia da saudade e desenhou, enquanto discursava, uma guitarra portuguesa.

Plantu também prestou homenagem a Eduardo Lourenço, António Guterres e Marcelo Rebelo de Sousa, presenteando-os com as suas respetivas caricaturas.

 

Maria Calado, Presidente do Centro Nacional de Cultura, e Dinis de Abreu, Presidente do Clube de Imprensa, recordaram Helena Vaz da Silva e justificaram a atribuição do prémio – pela primeira vez desde que foi instituído em 2013 – ex-aequo a duas personalidades unidas pela defesa acérrima da cultura e dos ideais europeus.

 

Sneška Quaedvlieg-Mihailovic, Secretária-Geral da Europa Nostra, que conduziu o evento, recordou o jornalista holandês Pieter Steinz (1963-2016), autor do livro Made in Europe – The Cultural Icons that Unite Us, vencedor da menção honrosa do Júri em 2014, que faleceu no passado mês de agosto.

 

Este Prémio Europeu, que tem o nome de Helena Vaz da Silva (1939-2002), recorda a jornalista portuguesa, escritora, ativista cultural e política, e a sua notável contribuição para a divulgação do património cultural e dos ideais europeus. O prestigiado escritor italiano Claudio Magris foi o primeiro laureado deste Prémio Europeu em 2013; o escritor turco e Prémio Nobel da Literatura Orhan Pamuk foi distinguido em 2014; e o conceituado músico e maestro catalão Jordi Savall foi premiado em 2015. O Prémio conta com o apoio do Ministério da Cultura, do Ministério dos Negócios Estrangeiros, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Turismo de Portugal.

 

Antes da cerimónia, realizou-se uma sessão de homenagem aos vencedores Portugueses do Prémio da União Europeia para Património Cultural / Prémios Europa Nostra 2016: a Catedral e o Museu Diocesano de Santarém (categoria Conservação), apresentado por Eva Raquel Neves; e o projeto de Desenvolvimento Sustentável do Planalto da Mourela no Parque Nacional da Peneda Gerês (categoria Educação, Formação e Sensibilização), apresentado por Rita Ferreiro. Os dois projetos foram elogiados pelo Presidente da Republica e pelo Ministro da Cultura Luís Filipe Castro Mendes, que se fez representar pelo Secretário de Estado da Cultura Miguel Honrado. O Presidente da Gulbenkian Artur Santos Silva felicitou os premiados e destacou o papel da Fundação no estudo, restauro e conservação do património, afirmando: “Sem património não há memória e sem memória não há identidade.”  

 

Fotos da cerimónia em alta resolução podem ser transferidas aqui

Fotos: Pedro Melim Créditos: Centro Nacional de Cultura 

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