Em outubro de 1910 foi dos únicos que se bateu em defesa de D. Manuel II, ainda que sem sucesso. Muitas vezes foi preso, sofreu o exílio, foi julgado, condenado, mas manteve sempre a mesma coerência.
Numa das vezes em que foi detido e estava numa das esquadras de Lisboa, Afonso Lopes Vieira, o grande poeta de S. Pedro de Moel, soube do sucedido e decidiu exprimir a sua solidariedade para com o amigo.
Fez uma pequena mala, onde colocou um pijama, uma muda de roupa, os utensílios fundamentais de higiene e partiu para a esquadra, suponho que da Praça da Alegria. Chegado, dirigiu-se ao piquete: – Venho para ser preso! O guarda não queria acreditar no que ouvia… E perguntou: – Que deseja o senhor! O poeta respondeu: – Quero exatamente o que já ouviu – ser preso! – Mas cometeu algum crime? – Claro que não… Mas não é aqui que está Paiva Couceiro? Pois bem, aqui prendem pessoas de bem, e por isso aqui estou. O guarda ficou sem resposta e Lopes Vieira sentou-se na sala de espera com a maleta a seus pés…
DIÁRIO DE AGOSTO
por Guilherme d’Oliveira Martins
17 de agosto de 2017