O poeta fez várias viagens, percorrendo o País de lés-a-lés, em busca de loiças antigas e de móveis. Ao longo da vida, adquiriu larga experiência e conhecimento que lhe permitiu reunir uma valiosa coleção que, em parte, chegou aos nossos dias na Casa-Museu Guerra Junqueiro no Porto.
Um dia, algures Entre-Douro-e-Minho foi-lhe dado visitar uma casa antiga, solar levemente decadente, no qual caixotes de batatas e legumes coexistiam com velhos móveis e arcazes indo-portugueses, em que na antiga biblioteca havia galinhas e coelhos em inteira liberdade…
Mas a atenção de Guerra Junqueiro fixou-se num gatinho e no pequeno prato onde se dessedentava com sopas de leite… O poeta afeiçoou-se ao simpático felino e pediu à dona da casa se poderia levá-lo consigo… A senhora hesitou. Referiu o afeto que reservava ao animal. Mas Junqueiro insistiu muito e com tanto enlevo, que lá levou o gato… Mas convém acrescentar que não esqueceu o respetivo pratinho, que era uma preciosidade autêntica da Companhia das Índias…
DIÁRIO DE AGOSTO por Guilherme d’Oliveira Martins 13 de agosto de 2017 |