Reflexões

De 25 de Novembro a 1 de Dezembro de 2002

“Se dúvidas houvesse sobre o muito que há para fazer a fim de que haja maior consciência de todos sobre s …

"Se dúvidas houvesse sobre o muito que há para fazer
a fim de que haja maior consciência de todos sobre a protecção
do ambiente, bastaria olharmos para a catástrofe ecológica
lançada pelo naufrágio e afundamento do “Prestige”
(nome tão irónico!…) nas águas do noroeste da
península. O petroleiro navegava em condições muito
precárias com bandeira das Bahamas, era propriedade de uma sociedade
liberiana, cujos accionistas eram gregos, transportando petróleo
russo para Gibraltar. … Agora, todos procuram responsabilidades, mas
todos percebem que há uma teia terrível que impede o conhecimento
de quem é quem neste crime de proporções incalculáveis.
Todos se sentem incapazes para tirar consequências exemplares
a fim de que o dramático acontecimento não se repita.
Mas não há indemnizações ou sanções
que reconstituam a natureza destruída. Não basta dizer
que não volta a acontecer… Precisamos de organizar-nos para
compreender que a cultura viva tem de ser uma cultura de responsabilidade.
O primado do lucro fácil, o egoísmo, a tentação
de passar culpas, a ilusão de que são os outros a ter
de fazer o que deve ser feito – tudo continua a alimentar um mundo
de indiferença … Por isso, a memória é um dever.
Daí a urgência na criação da Agência
Europeia dos Oceanos que não pode ser mais adiada e em que Portugal
deve ter especiais responsabilidades.

A humanidade culta tem de lembrar
sempre que consciência e acção são faces
da mesma moeda."

Guilherme d`Oliveira
Martins
Presidente do Centro Nacional de Cultura

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