Reflexões

De 22 a 28 de Dezembro de 2003

Natal é motivo para lembrar o que pode unir as pessoas. Mas olhamos em volta e não vemos que o espírito de Natal esteja vivo. É o Natal do consumo que enche as nossas cidades – das mil guloseimas ao último grito em brinquedos electrónicos. É o Natal do esquecimento de que há pessoas à nossa espera. É o Natal com guerras e conflitos. É o Natal da indiferença, da publicidade, do desperdício, dos egoísmos, das pessoas e dos países, que invade jornais e televisões…

Natal é motivo para lembrar o que pode unir as pessoas. Mas olhamos em volta e não vemos que o espírito de Natal esteja vivo. É o Natal do consumo que enche as nossas cidades – das mil guloseimas ao último grito em brinquedos electrónicos. É o Natal do esquecimento de que há pessoas à nossa espera. É o Natal com guerras e conflitos. É o Natal da indiferença, da publicidade, do desperdício, dos egoísmos, das pessoas e dos países, que invade jornais e televisões. Um dia, há muitos, muitos anos, um jovem rico e prendado recordou um outro jovem do tempo de Cristo que já tinha feito tudo o que o Mestre aconselhara. Quando insistiu em saber o que lhe faltava ainda fazer, o Mestre disse-lhe que deveria desfazer-se de todos os seus bens, deixar todos os confortos, os amigos e a família, e segui-lo a pregar a lei do amor. Mas o jovem não foi capaz de deixar o seu pequeno mundo. Lembrando a história, o jovem rico e prendado, que vivia numa pequena cidade italiana, decidiu seguir ele o conselho antigo do Mestre. Desfez-se de todos os seus bens, para admiração geral. Deixou todos os confortos – a casa rica, os criados, os meios de fortuna. Despediu-se dos amigos e da família e abraçou o espírito de Natal. Alguns dos seus melhores amigos não se conformaram, lembraram-se do ensinamento do Mestre e fizeram o mesmo. Desfizeram-se dos seus bens, deixaram os confortos e a fortuna. Era mais importante o espírito de Natal – não o do comércio e das bujigangas, mas o da amizade e o do amor. Partiram e fizeram novos amigos. O dinheiro da venda dos bens de que se desfizeram serviu para tornar felizes muitas crianças que não sabiam ainda o que era o Natal. No grupo de amigos que deixara confortos e fortuna todos se tratavam uns aos outros como irmãos e viviam como tal, praticando a lei do amor – ama o teu próximo, amigo ou inimigo, como a ti mesmo. Lembravam as parábolas do Mestre e usavam a modéstia como regra, sem falar muito dela, antes preferiam dar exemplo de simplicidade, de amizade e de atenção. Visitavam doentes, pobres, presos, solitários e tristes, davam calor e alimento, tecto e apoio. E quando se tratava de falar e de ensinar diziam que o melhor são as acções e que de boas intenções está o inferno cheio. Quando chegou o mês de Dezembro, a festa do Sol, os irmãos menores (assim se designavam para evitar toleimas) pensaram num modo de recordar o espírito de Natal – com amor e simplicidade. Houve várias ideias, mas ninguém achou que fossem boas. Até que o primeiro dos jovens se lembrou de que o teatro seria o melhor modo de recordar o Mestre. Todos então se tornaram actores – Clara foi Maria, Francisco foi José. Todos entraram. E o Natal foi vivido como espírito de alegria e de teatro. E foi assim que passou a haver presépios nas nossas cidades e aldeias, para lembrar a lei do amor do Menino-Deus…

Guilherme d`Oliveira Martins

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