I. A semana que hoje se inicia
culminará com a realização da “Ponte Cultural” para o Porto, que se realiza no
momento em que está em fase de preparação o núcleo do CNC no Norte – a
constituir-se até ao final do primeiro semestre do ano. Continuamos, aliás, a
receber mensagens de muitos amigos interessados em participar no novo núcleo. É
fundamental o vosso apoio. Pedimos que nos enviem os vossos contactos, se não o
fizeram já, a fim de que se torne realidade um velho anseio do Centro. Haverá
notícias frescas já no próximo fim de semana e comunicaremos, nos próximos dias,
o nosso programa intenso na cidade do Porto.
Na Fundação de Serralves –
correspondendo ao amabilíssimo convite de Teresa Patrício Gouveia – teremos
oportunidade de visitar um conjunto único de exposições, desde Caged-Uncaged de
Francis Bacon às Sombras à Volta de um Centro de Lourdes Castro? Depois,
revisitaremos o renovado Museu Nacional Soares dos Reis, ao encontro de uma
memória artística muito marcante. E, entre as mil curiosidades e a hospitalidade
do Porto, iremos sentir e viver, nas margens do Douro, o rio da “faina fluvial”,
a cidade e a gente de onde houve nome Portugal. Afinal, para Sampaio Bruno:
“Quando Camões disse que nesta cidade tivera origem o nome de Portugal, o que
ele devera dizer é que o nome desta cidade é que fora o nome de Portugal. De
modo que o que vem a ser Portugal resolve-se em ser o Porto prolongado d`aquém e
d`além mar”?
II. Morreu João César Monteiro (1939-2003). Ainda há
algumas semanas o recordámos aqui – pela sua leitura fidelíssima da sabedoria de
Sophia. A máscara que ostentava muitas vezes escondia as suas angústias, mas não
pode fazer esquecer que a sua filmografia durará. João Bénard da Costa disse: “é
um dos grandes cineastas mundiais do século. Construiu uma espantosa obra
romântica e da subversão no interior do romantismo, com uma fascinação pela
beleza que vai ao último limite. A beleza dessa capacidade de encontrar na
imagem a possibilidade de acesso a uma ordem superior. (?) Há nele também um
sentido do sagrado, uma beleza que atinge essa dimensão”. Manuela de Freitas
assinalou-nos que ele “vivia na lâmina entre o fundo dos abismos e o máximo da
luz”? Para João César, havia “uma teimosia em entender o amor como coisa
absoluta. Sendo absoluta, não é possível. Ficamos com a ideia”?
Guilherme d`Oliveira
Martins
Presidente do Centro Nacional de Cultura