Com a morte de D. Alexandre do Nascimento deixa-nos um grande e velho Amigo, ficando uma grande saudade.
Foi um exemplo do humanismo universalista no mundo da língua portuguesa.
Nunca o esqueceremos. O cardeal D. Alexandre do Nascimento, arcebispo emérito de Luanda (Angola), deixou-nos aos 99 anos de idade, informou a arquidiocese local. Era o mais idoso de toda a Cúria.
O responsável nasceu em Malanje, a 1 de março de 1925, e foi ordenado presbítero em Roma, onde estudou, a 20 de dezembro de 1952.
De regresso a Angola, foi professor de Teologia e jornalista, entre outras missões, antes de ser exilado de Angola em 1961, passando a residir em Lisboa na paróquia de Santo Condestável em Lisboa, mantendo contactos estreitos e frequentes com o Centro Nacional de Cultura, as revistas “O Tempo e o Modo” e “Concilium” e a Livraria Moraes. Foi um participante ativo de iniciativas ligadas ao Concílio Vaticano II.
Licenciou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Dez anos depois, o então sacerdote voltou a Luanda, onde assumiu funções como secretário-geral da Cáritas de Angola e presidente do Tribunal Eclesiástico de Luanda.
A 10 de agosto de 1975, Paulo VI nomeou-o bispo de Malanje, tendo sido ordenado a 31 do mesmo mês, na Catedral de Luanda; e a 3 de fevereiro de 1977, foi nomeado para a nova Sé Metropolitana do Lubango.
A 15 de outubro de 1982 foi raptado – durante uma visita pastoral – por um grupo de homens armados, que o libertaram a 16 de novembro seguinte. Foi nomeado cardeal a de 2 de fevereiro de 1983, pelo Papa João Paulo II. O mesmo Sumo Pontífice nomeou-o Arcebispo de Luanda a 16 de fevereiro de 1986, tendo permanecido nessa missão até 23 de janeiro de 2001.
João Lourenço, presidente de Angola, manifestou “profunda consternação” pela morte do cardeal Alexandre do Nascimento, “um homem bom que consagrou grande parte da sua vida a transmitir aos seus, valores e princípios para uma vida em dignidade, de perdão e de respeito ao próximo”.
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa evocou o “seu antigo colega da Faculdade de Direito, notável personalidade angolana e figura da Igreja Católica”.
O chefe de Estado sublinhou que D. Alexandre Nascimento deixou “uma intensíssima vida de quase um século”, como “teólogo, filósofo e humanista”.
D. Rui Valério, patriarca de Lisboa, publicou uma nota de pesar pela morte do arcebispo emérito de Luanda, agradecendo “todas as graças que foram derramadas por meio do seu trabalho incansável pela Igreja e de serviço à sociedade”. “Soube encarnar o amor a Deus que leva ao serviço simples e humilde aos irmãos. É particularmente assinalável a forma como soube olhar o futuro e empenhar-se na preparação das novas gerações, para a construção de uma sociedade mais justa e promotora da dignidade humana”.
Em 2010, o então Presidente Aníbal Cavaco Silva condecorou o cardeal angolano com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, distinguindo o papel de D. Alexandre do Nascimento na reconciliação nacional e no apoio aos mais desfavorecidos, em Angola.
O Centro Nacional de Cultura apresenta a todos os seus amigos e à Igreja de Angola sentidas condolências.