26 de agosto a 9 de setembro 2017
Guia: Alexandra Pelúcia
No âmbito do Ciclo de Viagens “Os Portugueses ao encontro da sua História”
6 a 8 de setembro – Hanói
Hanói, a atual capital do Vietname, foi a última etapa desta nossa expedição. A primeira impressão que colhemos foi a de uma cidade agradável de bonita arquitetura colonial, particularmente no ‘bairro francês’, e de jardins cuidados e floridos. Ao final da tarde, embrenhámo-nos no bulício do bairro antigo (‘old quarter’) circulando em pequenos veículos elétricos, sentindo a cidade vibrante, carros e motorizadas cruzando em todas as direções (um ‘caos organizado’, poderíamos dizer…). Observámos, curiosos, os espaços exíguos das lojas que, todavia, se projetam sobre os passeios onde se exibem desde manequins a equipamentos elétricos, desde colchões a frutos e legumes; e os lojistas no interior ou em frente das lojas sentados no chão ou recostados em cadeiras, de olhos nos telemóveis ou mesmo i-pads…
Mas Hanói tem também uma longa história como sede do poder desde o século XI (1010), época em que foi batizada como Thang Long, i.e. ‘a cidade do dragão voador’. Visitámos a cidadela imperial de Thang Long que foi o centro do poder político do Dai Viet (antiga designação do Vietname) durante mais de mil anos. A cidadela constitui um espaço amplo envolvendo vários panos de muralha que circundam palácios, templos, pagodes e edifícios civis e militares construídos e reconstruídos ao longo de sucessivas dinastias entre os séculos XI e XVIII e mesmo antes, durante o domínio chinês entre os séculos VII e IX. No século XX, a cidadela foi utilizada pelas forças francesas e serviu de quartel general do governo do Vietname do Norte e do comando do célebre General Giap durante a guerra do Vietname (1967-1975).
Ali decorrem atualmente trabalhos de investigação arqueológica coordenados pela Academia das Ciências Sociais do Vietname que têm posto em evidência ‘layers’ de fundações de edifícios, muros, poços e sistemas de canalização que se sucederam ao longo dos tempos; e objetos em cerâmica, grés e metal que ajudam a conhecer como ali se viveu.
No Templo Ho Ghom lembrámos a resistência do povo vietnamita aos mongóis nos séculos XIII-XIV, celebrada com a simbologia da tartaruga, alegoria mítica da independência e da longevidade do Vietname.
No dia seguinte, a caminho de Trang An (paisagem
classificada como património mundial pela Unesco em 2014), regressámos a um
verdadeiro ‘banho de natureza’: navegando no Red River, admirámos de um lado e
doutro do rio o panorama deslumbrante das rochas verticais e picos gigantescos
de pedra calcária e aventurámo-nos em grutas donde nos caíam do alto
verdadeiras ‘folhas’ de pedra que nos obrigavam a curvar para nos protegermos –
um assombro!
De volta a Hanói, assistimos ao render da guarda junto ao Mausoléu de Ho Chi
Minh, de visita obrigatória. No Palácio Presidencial, recordámos este grande
herói do Vietname observando de fora a modesta habitação onde viveu e
trabalhou, junto ao lago.
Tivemos ainda tempo de percorrer o interessante Museu de Etnografia do Vietname, que nos confrontou com a diversidade étnica e cultural deste país: o povo Viet, que representa 86% da população, e as 54 minorias, em parte originárias da China e habitando aldeias nas montanhas. Ali pudemos também compreender um pouco dos segredos do fabrico dos chapéus cónicos dos Nung, admirar as bonecas rituais dos Viet, os costumes em ‘patchwork’ dos Lolo, as saias dos Hmong ou as cítaras dos Jorai.
Concluímos a nossa jornada da melhor maneira: no Templo da Literatura, primeira ‘universidade’ do Vietname, instituída em homenagem a Confúcio e que funcionou entre 1076 e 1779. Ficámos particularmente impressionados com as ‘pautas’ listando os nomes dos estudantes aprovados nos exames (em que também o rei intervinha como examinador…), esculpidas em placas de pedra apoiadas sobre tartarugas: segundo a tradição, acariciar as cabeças das tartarugas garantiria a sabedoria!
E assim chegou ao termo esta memorável viagem do CNC ao encontro da história dos portugueses na Cochinchina: uma história de contactos comerciais e culturais e de aventuras de marinheiros, mercadores, diplomatas, padres e missionários, sem pretensões de conquista ou de domínio (para além talvez do domínio dos mares ou ‘talassocracia’, de que nos falou a Profª. Alexandra Pelúcia); mas que deixou marcas e influências que fará todo o sentido continuar a estudar e a divulgar.
17 de setembro de 2017 ® Maria Eduarda Gonçalves
Organização:
Parceria:
Apoio: