Pessanha, o grande ritmista, como lhe chamou Mário de Sá-Carneiro, viveu em Macau entre 1894 e 1926, data da sua morte. O seu tempo oriental marcou, indelevelmente, a sua vida e a sua obra.
O deslumbramento pela civilização chinesa levou-o a perscrutá-la com desvelo e curiosidade, considerando que o estudo da sua língua e cultura proporcionava um inefável deleite intelectual.
Conservador do Registo Predial, Pessanha passou a ser o substituto legal do juiz da comarca de Macau, tendo deixado textos jurídicos que revelam uma viva inteligência, uma sólida cultura geral e jurídica e um conhecimento muito profundo da complexa sociedade macaense. Camilo Pessanha é sobretudo conhecido pela singularidade da sua poesia. Considerado o maior poeta do simbolismo português e um dos maiores intérpretes do simbolismo europeu, Pessanha manteve, no entanto, uma identidade poética muito própria, o que faz dele um poeta contemporâneo num sentido absolutamente temporal. É a sua personalidade multímoda que vai ser analisada por uma plêiade de especialistas, nos dias 18 e 19 de outubro, na Sociedade de Geografia de Lisboa.