Camilo Martins de Oliveira deixou-nos inesperadamente. Há muito que nos acompanhava uma vez por semana, aos domingos, e antes com duas presenças no blogue do Centro Nacional de Cultura, em textos de grande densidade e interesse, que eram por todos muito apreciados. De uma cultura extraordinária teve uma vida plena não apenas como diplomata internacional prestigiado, mas também como escritor, ensaísta e orientalista. Escreveu até ao fim, com uma finura e uma inteligência que não poderemos deixar de assinalar. Irmão do artista plástico Gaëtan Martins de Oliveira, era um especialista da arte oriental e da presença portuguesa no Japão.
Nascido em 1942, passou quatro décadas fora de Portugal. Em 1965 foi um dos subscritores do Documento dos 101 católicos contra a política da ditadura. Traduziu e publicou Teilhard de Chardin. Dos 25 aos 27 anos foi alferes do Comando Chefe das Forças Armadas em Bissau. De 1969 a 1973 foi assessor do Engº Rogério Martins, Secretário de Estado da Indústria, tendo tido papel relevante no fim da Política de Condicionamento Industrial e do protecionismo. Foi delegado de Portugal na OCDE. De 1973 a 1982 foi diretor da Missão Comercial de Portugal em Bruxelas e perito em Missões da ONU. Entre 1982 e 1987 foi Portuguese Trade Commissioner nos Estados Unidos, tendo sido nomeado Presidente do ICEP em 1986. Em 1987 foi colocado em Tóquio, onde residiu até 2001, como Trade Commissioner no Japão, Coreia do Sul e Nova Zelândia. Em 2004 foi Comissário Gerral de Portugal na Exposição Universal de Aichi (Japão). Desde os anos sessenta foi muito próximo do Centro Nacional de Cultura e da revista “O Tempo e o Modo”.
O CNC homenageia a sua memória a apresenta sentidas condolências à família e amigos.