Notícias

CAMILO CASTELO BRANCO: AS PAIXÕES JUVENIS E O AMOR DE PERDIÇÃO

Ciclo a decorrer no Centro Cultural de Belém de 22 a 27 de outubro.


CAMILO CASTELO BRANCO: AS PAIXÕES JUVENIS E O AMOR DE PERDIÇÃO


Centro Cultural de Belém

22 a 27 de outubro de 2012



O Centro Cultural de Belém, a Casa de Camilo de S. Miguel de Seide / Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, o Plano Nacional de Leitura, o CLEPUL – Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Universidade de Lisboa – o Teatro Nacional de São Carlos e o Centro Nacional de Cultura, vão comemorar os 150 anos da publicação do Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco.


O ciclo «CCB no CCB – Camilo Castelo Branco: As paixões juvenis e o Amor de Perdição» conta com uma vasta programação, que vai da literatura ao cinema, passando por mesas redondas, conferências, debates com professores e estudantes, programas musicais, uma feira do livro e duas exposições: uma de iconografia e bibliografia camiliana da coleção da Casa de Camilo e outra do pintor Júlio Pomar, que apresentará os desenhos que fez para a edição do livro O Romance de Camilo, de Aquilino Ribeiro.


Entrada Livre (exceto filmes e espetáculo)
Preçário
Bilhete filme: 3,50€
Assinatura para os 4 filmes: 10,00€
Conversa com Pedro Abrunhosa: 5,00€
Espetáculo Maria Ana Bobone: 10,00€



Programa


22 de outubro – Segunda Feira
17h00 Abertura do Ciclo


Inauguração das exposições:
Galeria CCB
“Estudos para o Romance de Camilo de Aquilino Ribeiro”, de Júlio Pomar Júlio Pomar é um pintor em constante relação com a literatura. Vemos da presente série que o desenho a nanquim, a que recorre quase sempre, é também uma «forma de escrita», ágil, pitoresca, cheia de movimento, capaz de ângulos e planos quase cinematográficos, inesperados e saborosos na maneira de exprimir, nas suas rápidas notações, aquilo que o texto literário diz ou implica, quer se trate de situações individuais, quer de pequenos grupos ou conjuntos, quer de massas populares em agitação. Nestas ilustrações para o Romance de Camilo, de Aquilino Ribeiro, o traço e a mancha dão sucessivas expressões à ironia e à sátira, revisitando o mundo camiliano do século XIX pelo pincel de um grande pintor do século XX.


Centro de Reuniões
Exposição «Amor de Perdição: retratos de uma paixão»
Associando-se ao programa de comemorações promovido pelo Centro Cultural de Belém em torno dos 150 anos da edição da obra-prima do romantismo português, a Casa-Museu de Camilo Castelo Branco, em São Miguel de Seide (Famalicão), expõe alguns bens de cariz bibliográfico, documental e
iconográfico, expressivos da recensão que «Amor de Perdição» teve em diferentes áreas da Cultura Portuguesa.


Sala Almada Negreiros
Conferência: O Livro das intensidades
por Maria Alzira Seixo
Mesa – redonda: Isabel Rocheta (Moderadora), , Helena C. Buescu,
Abel Barros Batista J. Filipe da Ressurreição e Rui Lage


Pequeno Auditório
21h00 Exibição filme: Amor de Perdição, de Georges Pallu, 1921
Banda Sonora ao Vivo: Nicholas McNair



23 de outubro – Terça Feira


CAMILO CASTELO BRANCO E O CINEMA


Sala Almada Negreiros
18h00 Conversa
Amor de Perdição: o cinema no labirinto do melodrama
João Lopes com Maria de Medeiros, Margarida Gil e Graça Castanheira


Pequeno Auditório
21h00 Exibição filme:
Amor de Perdição, António Lopes Ribeiro, 1943



24 de outubro – Quarta Feira


Pequeno Auditório
15h15 Professores e alunos em debate.
Amor de perdição na perspetiva dos amores juvenis de hoje.
Coordenação de Daniel Sampaio
Com a participação das Escolas: Escola Secundária D. Pedro V, Escola Secundária Rainha D. Leonor, Escola Secundária Vergílio Ferreira, Escola Secundária de Camões, Escola Secundária Professor José Augusto Lucas e Escola Secundária de Gil Vicente.
Mesa -redonda: Fernando Pinto do Amaral, Daniel Sampaio e Margarida Braga Neves


Pequeno Auditório
19h00 Exibição filme:
Amor de Perdição, Manoel de Oliveira 1978



25 de outubro – Quinta Feira


Pequeno Auditório
18h00 Conferência
A atualidade de Amor de Perdição: amores de ontem e de hoje, por Daniel Sampaio


Pequeno Auditório
21h00 Exibição filme:
Amor de Perdição, Mário Barroso, 2009



26 de outubro – Sexta Feira


CAMILO CASTELO BRANCO E A MÚSICA


Pequeno Auditório
18h00 Conversa com Pedro Abrunhosa:
A Canção: do Amor à Perdição


Sala Fernando Pessoa
19h00 (horário a confirmar)
Lançamento do livro: Camilo Intimo – Cartas inéditas entre Camilo Castelo Branco e o Visconde de Ouguela, pelo Dr. Bigotte Chorão com a presença da Prof.ª Doutora Annabela Rita e do Arqt. A. Campos Matos.


Pequeno Auditório
21h00 Espetáculo /Fados
Fados de Perdição, por Maria Ana Bobone



27 de outubro – Sábado


Sala Almada Negreiros das 15h00 às 19h00


Apresentação
As biografias de Camilo – Maria Antónia Oliveira


Documentário
Camilo e Outras Vozes – Documentário de Carlos Brandão Lucas.


Apresentação
A Casa de Camilo por José Manuel de Oliveira


Palestra
O processo de adultério de Camilo Castelo Branco e Ana Plácido, por Laborinho Lúcio


Conversa
Conversa com dois leitores de Camilo Castelo Branco: Pacheco Pereira e Manuel Carvalho da Silva



27 de outubro


15h00 – 19h00
Feira do Livro – organização Jazz



CCB FORA DO CCB


ROTEIROS CAMILIANOS COM JOSÉ MANUEL DE OLIVEIRA
Inscrições limitadas
CENTRO NACIONAL DE CULTURA
Tel. 213 466 722 | alexandra.prista@cnc.pt


Dia 21 de outubro – Domingo – 10h00-13h00
– Roteiro Camiliano em Lisboa


Dia 28 de outubro – Domingo– 10h00-13h00
– Roteiro Camiliano no Porto


TEATRO NACIONAL DE SÃO CARLOS
Dia 30 de outubro – Terça-feira – 18h00
Conferência: O Amor de Perdição na forma de espetáculo: Adaptações e versões no Teatro, no Cinema, na Ópera e no Bailado, por Duarte Ivo Cruz




Camilo Castelo Branco
Escritor português (Lisboa, 16.3.1825 – São Miguel de Ceide, 1.6.1890).
Filho natural de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco, oriundo de uma família da pequena e recente burguesia trasmontana, perde a mãe aos dois anos e o pai aos dez.


Por decisão do conselho de família, vai, com a irmã Carolina, viver para Vila Real, a cargo de uma tia paterna, Rita Emília, que não se desvelará muito em carinho pelos dois órfãos. Quando, em 1839, a irmã casa com o futuro médico Francisco José de Azevedo, vai viver com eles para Vilarinho da Samardã e aí, por entre os acasos de uma adolescência nem sempre fácil, recebe a sua primeira formação cultural com as lições do P.e António de Azevedo, irmão do cunhado, que lhe ensina doutrina cristã, latim, francês e língua portuguesa. Aos 16 anos (em 18.8.1841), casa com Joaquina Pereira da França, camponesa do lugar de Friúme, concelho de Ribeira de Pena, onde temporariamente exercia as funções de amanuense; depressa, porém, a abandonaria.


A adolescente, que lhe dera uma filha, nascida a 25.10.1841, morreria em 25.11.1847, poucos meses antes dessa filha, falecida a 10.3.1848. A sua volubilidade não tardaria em substituí-la, numa longa cadeia de amores que o levará sucessivamente aos braços de Patrícia Emília, que dele teve também uma filha, Bernardina Amélia, nascida a 25.6.1848; de Isabel Cândida Mourão, religiosa do Convento da Ave Maria; e, por fim, aos de Ana Plácido, a mulher fatal da sua vida.


Estimulado a principio pelo sogro, pensa formar-se em Medicina e matricula-se, na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, que frequenta de 1842 a 1845. Em 1846, porém, já está em Coimbra, provavelmente para estudar Direito, curso que nem sequer iniciou.


Volta a Vila Real, mas, a partir de 1848, fixa-se no Porto, decidido a ganhar a vida como jornalista. Num momento de fugaz exaltação religiosa, matricula-se no Seminário daquela diocese, com a intenção de se ordenar (1850), mas a pretensa vocação apagava-se escassos meses depois. Logo retoma a vida aventurosa de estroina «leão» romântico, dividida entre os cafés, os teatros, os salões da burguesia portuense de fresca data e as redações dos jornais. É neste período que conhece Ana Augusta Plácido, casada com o comerciante regressado do Brasil, Manuel Pinheiro Alves, fazendo dela o objeto de uma desordenada paixão romântica. Seduzida e igualmente apaixonada, Ana abandona o marido e foge com Camilo para Lisboa.


Conhecido o escândalo, a esposa adúltera é posta em reclusão no Convento da Conceição de Braga (julho de 1859), mas ao fim de pouco mais de um mês foge, retomando a convivência com C. Instaurado o processo por adultério, é presa na Cadeia da Relação do Porto e C., depois de vaguear pelo Minho e Trás-os-Montes, ali se entrega também a 1.10.1859. Absolvidos, vão viver para Lisboa, onde lhes nasceria o filho Jorge (28.6.1863), até que, em 1864, falecido Pinheiro Alves (15.7.1863), se instalam em São Miguel de Ceide, na casa que lhe pertencera e passara por herança a Manuel Plácido, seu pretenso filho, mas, ao, que tudo leva a crer, filho de C. Com uma família a sustentar (o filho Nuno nascera nesse mesmo ano de 1864) e sem outros recursos além dos do seu trabalho, C. faz da pena o ganha-pão único numa ansiosa e febril necessidade de escrever para viver. Assim lhe vão decorrer os últimos 25 anos de vida, numa casa triste, cercada de paisagem triste. O destino dos filhos adensa-lhe sobre a alma nuvens negras de funestos presságios: Manuel, após uma falhada aventura comercial em Angola, entrega-se aos excessos de uma vida de boémia e morre prematuramente a 17.9.1877; Nuno segue-lhe o exemplo, numa sucessão ininterrupta de aventuras, jogo e degradação a que nem um casamento de escândalo, patrocinado pelo pai, consegue pôr termo; Jorge, que começara desde cedo a dar inequívocos sinais de perturbação mental, mergulhava pouco a pouco num estado de demência irrecuperável. Em 1858, por proposta de Alexandre Herculano, é eleito para a Academia das Ciências e em 18.6.1885 é agraciado por D. Luís com o título de visconde de Correia Botelho. As honrarias, porém, longe de lhe afagarem a vaidade, apenas podiam dar-lhe a vaga esperança de acautelar para a família um futuro menos ameaçado de indigência. E é talvez por isso que concorda em regularizar a sua situação conjugal com Ana Plácido. A 9.3.1888, quando há muito se apagara o encanto e o fogo romântico daquela ligação amorosa nos atritos mesquinhos de um quotidiano onde a poesia dera progressivo lugar à tragédia, celebra-se finalmente o casamento.


Atormentado pela doença, mergulhado em insanável tristeza, contra a qual apenas reage com a lâmina fina da ironia ou o látego terrível do sarcasmo, joguete permanente da sua alucinante instabilidade psíquica, ameaçado pela cegueira, julgando caminhar para a loucura que a tradição da família dava como estigma fatal de muitos dos seus, C. afunda-se no pessimismo e arrasta penosamente a cruz da sua expiação até que, vencido, se suicida.


Estas circunstâncias biográficas, onde o trágico se mistura com o romanesco, o sério com o burlesco, a honradez com a ligeireza moral e o sentido do religioso se vê permanentemente em conflito com a descrença e até com a blasfémia, uma capacidade de observação em permanente e atento exercício sobre o seu próprio mundo e o mundo que o rodeia, uma imaginação que não conhece limites nem restrições, uma irrequieta instabilidade psicológica, a volubilidade sentimental filha do seu temperamento romântico e a sua constante rebeldia de caráter, definem a perspetiva através da qual criou o mundo ficcional de toda a sua obra, enquadrado pela paisagem das províncias nortenhas do Minho e de Trás-os-Montes, com os seus ambientes rurais ou provincianos, tendo por centro o meio mais desenvolvido do Porto, onde se agita toda uma sociedade em constante e profundo conflito travado, bem à maneira romântica, entre os interesses materiais da realidade e as exigências da sensibilidade e do ideal.



Bibliografia



http://www.ccb.pt/

Subscreva a nossa newsletter