ATÉ À VISTA, PEPIN!
JOSÉ VIDAL-BENEYTO (1929-2010)
Por Guilherme d’Oliveira Martins
Pepin Vidal-Beneyto era um grande amigo. Bastava telefonar-lhe a pedir que viesse fazer um debate ou que lhe pedisse um contributo sobre os temas que cultivava (política de cultura, Europa, Mediterrâneo, pluralidade de pertenças, direitos humanos) para que ele, generosamente, se dispusesse a vir. Era uma das pessoas mais vivas e lúcidas que conheci. Gostava de conversar, de debater, de lançar ideias provocatórias. Tive o raro privilégio de o contar entre as pessoas que faziam da amizade oportunidade de pensar o futuro.
Natural de Valência (Carcaixent), foi filósofo, jurista, sociólogo e politólogo. Catedrático de Sociologia da Universidade Complutense de Madrid, foi director do Colégio de Altos Estudos Europeus Miguel Servet de Paris e doutor honoris causa da Universidade de Valência (2006). Participou em muitos projectos internacionais, em especial no campo da cultura, da integração e da mundialização. Foi Secretário-Geral da Agência Europeia da Cultura e do Conselho Mediterrânico da Cultura, no âmbito da UNESCO. Foi um colaborador activo do Conselho da Europa, da Comissão Europeia e dos Ministérios espanhóis da Educação e da Cultura. Era um militante europeu de longa data e por isso mesmo era um crítico severo do curso dos acontecimentos nas instituições europeias. Debati longamente com ele sobre o presente e o futuro da União Europeia, sobretudo depois de 1989. Vidal Beneyto foi um dos grandes animadores dos Encontros Internacionais de Sintra, organizados pela Sedes nos anos noventa, ao lado de Helena Vaz da Silva, Lucas Pires, Sousa Franco, António Alçada Baptista, Francisco Lino Neto, Rui Vilar, João Salgueiro, Vítor Constâncio, Adam Michnik, Jacek Wosniakowski, Michael Walzer, Timothy Garton Ash, Paolo Flores d’Arcais… Conheci-o sempre como um combatente de ideias e de ideais. A criação de uma sociedade civil transnacional era uma das suas obsessões. Durante o franquismo foi um opositor tenaz. Ao lado dos seus amigos Tierno Galván e Raul Morodo participou na Junta Democrática e foi talvez o mais activo dos criadores do chamado Contubérnio de Munique (Congresso do Movimento Europeu de Junho de 1962, presidido por Salvador Madariaga, com a presença de José Maria Gil-Robles e Dionísio Ridruejo).
Foi sócio fundador do diário El Pais e membro da Academia Europeia das Artes, Ciência e Letras e autor de numerosa obra entre a qual se destaca:
• Las Ciencias de la Comunicación en las universidades españolas, (1973)
• Alternativas populares a la comunicación de masas, (1981)
• Las industrias de la lengua, (1991).
• Diario de una ocasión perdida, (1991).
• La Méditerranée: modernité plurielle, (2000).
• Hacia una sociedad civil global, (2003).
• Poder global y ciudadanía mundial, (2004).
• Derechos humanos y diversidad cultural, (2006).
• Memoria democrática, (2007).