António Mega Ferreira é uma referência fundamental da cultura portuguesa contemporânea. Escritor, cronista, ensaísta, jornalista, homem de ação – foi a alma da Expo 98, o que permitiu o sucesso da iniciativa e a prevenção dos erros cometidos noutros casos, com o de Sevilha. A cidade de Lisboa beneficiou do Parque das Nações e a capital pôde ganhar um papel importante na geografia dos oceanos. A leitura da sua biografia permite vermos como marcou tudo aquilo em que se envolveu. Há dias recebeu, através de um representante, o Prémio de Literatura de Viagens da APE Maria Ondina Braga, pelas suas “Crónicas Italianas”. Foi ainda um amigo de sempre do Centro Nacional de Cultura – sendo um cultor ativo na defesa do Património Cultural, material e imaterial. Era um escritor de finíssimo trato, para quem a língua portuguesa seria tanto mais rica quanto melhor a ligássemos às tradições, às memórias, às pessoas, à literatura erudita e popular, aos cantares e aos pregões, aos ditos e aos feitos e sempre à vida vivida.
António Mega Ferreira continuará connosco!
GOM
António Mega Ferreira nasceu a 25 de março de 1949, em Lisboa. Depois de estudar Direito na Universidade de Lisboa, partiu para Manchester, em Inglaterra, para estudar Comunicação Social.
Iniciara-se no jornalismo quatro anos antes, em 1968, escrevendo para o Comércio do Funchal.
Em 1970, começou a trabalhar como tradutor de imprensa estrangeira na Secretaria de Estado da Informação.
A profissionalização enquanto jornalista foi conquistada em 1975, no Jornal Novo. Durante a sua carreira enquanto jornalista profissional, que se prolongou até 1986, passou ainda pelo Expresso, pela ANOP – Agência Noticiosa Portuguesa e pel’O Jornal. Foi chefe de redação do Jornal de Letras e da RTP2. Ao serviço da estação pública, entrevistou então a Primeira-Ministra Maria de Lourdes Pintassilgo.
Ao longo da sua carreira, Mega Ferreira assistiu a várias mudanças no jornalismo português, embora certas características subsistissem.
“Há verdades eternas no jornalismo: o jornalismo será sempre, mas sempre, regido pela pressão da máquina – seja a máquina convencional, seja a máquina de hoje, seja a urgência de chegar, seja a urgência de concorrer ou ganhar ao concorrente”.
Colaborou ainda, enquanto cronista, com o Expresso, o Diário Económico, o Diário de Notícias, o Independente, o Público e com as revistas Visão e Egoísta. Em 1986, foi convidado para a direção editorial do Círculo de Leitores, onde foi responsável pela criação da revista LER.
Nos anos 80, iniciou a sua carreira literária, publicando dezenas de obras, da ficção à poesia, passando pelo ensaio. A sua produção literária foi distinguida com o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco 2001.
Membro da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos, fundou a revista Oceanos e chefiou a candidatura de Lisboa à EXPO 98, iniciativa que viria a comissariar. Foi administrador da Parque Expo, do Oceanário de Lisboa e do Pavilhão Atlântico. Ocupou o cargo de Presidente do Conselho de Administração da Fundação Centro Cultural de Belém (2006-2012).
A 9 de junho de 1998, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.