O Pastor António Dimas de Almeida deixou-nos no dia 11 de agosto.
Era um grande amigo e uma personalidade profundamente conhecedora do fenómeno religioso. Não esquecemos a sua grande generosidade e o seu permanente entusiasmo.
Nascido em 28 de abril de 1937, no Montijo, António José Dimas de Almeida frequentou o Seminário Presbiteriano de Teologia, em Carcavelos. Foi ordenado em 1965 como pastor da Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal (IEPP), ficando como responsável da comunidade da Rua Tomás da Anunciação (Campo de Ourique, Lisboa). Em 1966 foi para os Açores, envolvendo-se com comunidades vinculadas ao diálogo ecuménico, ação que intensificará quando regressa a Lisboa três anos depois.
Começou a dar aulas e dirigiu o Seminário Evangélico de Teologia, por onde passaram cristãos de várias denominações e mesmo crentes de outras religiões. Esse trabalho culminaria com a criação da área de Ciência das Religiões, na Universidade Lusófona, projeto em que se envolveria com o seu amigo Frei Bento Domingues O.P..
“Fui convidado para organizar o curso, ficando eu como diretor e o Pastor Dimas e Alfredo Teixeira com a responsabilidade do programa”, conta frei Bento. “O que mais apreciava no Dimas é que ele era um exímio conhecedor do grego e uma pessoa de enorme rigor, no sentido de ser escrupulosamente rigoroso.”
Adelino Pereira usa outra expressão para caracterizar essa forma de estar: era um “trabalho de relojoaria” o que Dimas de Almeida manifestava na sua exigência para consigo e para com os outros. “Um grande ecumenista, que entendia a religião como importante para a compreensão e a paz entre povos.” O franciscano capuchinho Lopes Morgado, chefe de redação da revista Bíblica, recorda os convites sempre aceites para várias conferências nas semanas bíblicas organizadas pelos capuchinhos. E resume: “Era um homem estudioso, forte nas suas convicções, sabendo respeitar as dos outros, sem cair na armadilha de um consenso passivo sem ilustração nem diálogo, comprometedor para ambas as partes.” Acrescenta: “Muito exigente e sério, na sua reflexão e no modo como preparava as suas intervenções. E às vezes, ao defender o seu pensamento, fundamentado nas muitas leituras e na reflexão crente, poderia atingir o tom da polémica, talvez preferida por ele, como via de inquietação, ao diálogo sereno, mas amorfo, sem têmpera nem raízes.”
O Pastor Dimas de Almeida foi sempre um grande amigo do Centro Nacional de Cultura. Recordamos a sua generosa participação em muitas iniciativas desde os anos sessenta. Enviamos a sua família e amigos sentidas condolências.
Até sempre, caríssimo Amigo
G.O.M.