(quinto centenário da sua morte)
GUIA: Anísio Franco
UMA VIAGEM VERDADEIRAMENTE FANTÁSTICA
Cinco séculos passaram desde a morte de Jerónimo Bosch e o Museu do Prado invoca aquele que em Espanha é designado como «El Bosco» – um dos grandes génios da pintura e da arte na história do mundo. Filipe I de Portugal, filho de Carlos V de Áustria e da Imperatriz Isabel de Portugal, tinha uma predileção especial pelo «Jardim das Delícias», sua companhia no Escorial. O nosso Museu Nacional de Arte Antiga emprestou a sua joia da coroa, o grande tríptico «As Tentações de Santo Antão» (c. 1500), que teria sido adquirido por Damião de Góis – não há, porém, provas desse facto, transmitido pela tradição. É um deslumbramento poder ver, num estilo inconfundível, um tema tão forte de criatividade, imaginação e inconformismo.
Jeroen Anthonis Van Acken (c. 1450 – 1514) nasceu em Hertogenbosch, na zona de encontro das atuais Bélgica e Holanda, e daí a abreviatura do nome pelo qual ficou celebrizado. Estamos perante a expressão originalíssima de uma inconfundível pintura edificante, crítica e moral. Na cultura europeia é, contudo, um dos autores mais misteriosos e míticos – que reúne a tradição rural aos fantásticos desafios do início do século XVI e da abertura de novos mundos. As imagens fantasmagóricas estão plenas de mistério. E a pintura moderna manifestou o mais vivo interesse por Bosch, desde Goya a Dali, passando pelos surrealistas…
«As Tentações de Santo Antão» recordam-nos o célebre episódio em que o santo se viu transportado aos céus por um grupo de demónios, com que depois se defrontou, até livrar-se deles. Também «O Jardim das Delícias» tem sido motivo de especial curiosidade – representando o ciclo do destino da humanidade, desde a criação até ao julgamento. Merece especial ênfase a apoteose do prazer representada no quadro central do tríptico, bem como as malditas consequências do gozo sem limites… Quantas imagens recordamos de modo indelével!? E há ainda as referências perturbadoras e muito interpelantes de um estranho pinguim, que traz no bico uma carta misteriosa e demoníaca, um elefante com um macaco no dorso, monstros com indumentária religiosa… Cada elemento novo adensa o mistério do anterior. Esta viagem até ao coração da obra de Jerónimo Bosch é uma ocasião magnífica para procurarmos compreender como a Arte, enquanto criação por excelência, leva à interrogação sobre os sentidos da vida…
O Centro Nacional de Cultura associa-se a estas comemorações, organizando a viagem A grande exposição de Bosch, de 2 a 5 de Junho, a Madrid e ao Museu do Prado, para visitar a grande exposição dedicada à obra de Bosch El Bosco. La exposición del Centenario. Mais uma vez, será a oportunidade única de ver toda a obra de Bosch.
Faremos naturalmente outras visitas em Madrid, sempre acompanhados por Anísio Franco.
PROGRAMA MADRID – 2 a 5 de Junho de 2016
Organização: