A EDUCAÇÃO ARTÍSTICA NO SÉCULO XXI
A LITERATURA, UMA ARTE ENTRE AS ARTES
Ciclo de Conferências
18h30
[Entrada Livre]
Local: Centro Nacional de Cultura, Galeria Fernando Pessoa
Concepção: Ana Marques Gastão e António Carlos Cortez
PROGRAMA
Quarta-feira 6 de Abril – Sessão inaugural
Ana Pereira Caldas, Ana Marques Gastão e Guilherme d’Oliveira Martins
– O Escritor no Atelier do Artista
Mário Avelar
– Arte, Mito e Escrita: Continentes em Interacção
António Bracinha Vieira
Quarta-feira 4 de Maio
– O Alfabeto da Dança: o Corpo, a Respiração e a Palavra
Ana Marques Gastão
– O Papel da Dança na Educação
Wanda Ribeiro da Silva
Quarta-feira 8 de Junho
– Educar pela Poesia
António Carlos Cortez
– A Importância da Leitura na Educação Artística
Fernando Pinto do Amaral
Quarta-feira 12 de Outubro
– Ver a Escrita: Literatura, Cinema e Educação Artística
Clara Rowland
– O Teatro: a Fala, o Gesto, a Percepção – A Máscara e o Texto
Eugénia Vasques
Quarta-feira 9 de Novembro
Reinventar o Humanismo no Tempo da Tecnologia – a via da educação artística
Guilherme d’Oliveira Martins e Luís Filipe Barreto
No ano em que se comemoram 140 anos da realização das «Conferências do Casino» (Primavera de 1871), impulsionadas pelo poeta e ensaísta Antero de Quental, o Clube UNESCO de Educação Artística e o Centro de Nacional de Cultura propõem a realização, durante o ano de 2011, de um ciclo de palestras dedicado ao tema A Literatura – uma arte entre as artes..
Se bem que, em finais do século XIX, seguindo um modelo de intervencionismo na cultura e/ou na arte, se pretendeu criar, de um modo algo paternalista, pontes entre Portugal e o «movimento moderno», dando voz a ideias que fundamentassem a modificação da sociedade no sentido da formação de uma consciência cívica, livre e solidária, cumpre agora reflectir, num momento em que as áreas de Humanidades estão ameaçadas de (quase) desaparecimento dos currículos do secundário e da universidade, sobre a função da literatura na sociedade portuguesa, tendo em conta o diálogo com outras áreas artísticas. Até que ponto essa diluição não se relaciona com o advento de uma nova forma mentis tecnológica, cibernética, televisiva? Até que ponto a escrita e a leitura não estão a tornar-se em actividades utilitariamente uniformes, arqueológicas?
As Artes Criativas, a Filosofia e a Ciência são pilares da sociedade: alteram o statu quo, celebram e confrontam, subvertem e elevam a estrutura cultural, político-social e humana na diferença e na interacção entre saberes de ordens diversas: podem contribuir para uma construção coerente de novos valores. Não sofrem contestação as teses segundo as quais uma educação equilibrada deve corresponder a um percurso de descoberta centrado num diálogo harmonioso entre disciplinas humanísticas e formação técnica. A par deste postulado, a educação artística – ou a presença das artes na educação – é uma via que o século XX veio a aprofundar e a potenciar. A personalidade constrói-se dentro, para além ou lateralmente aos currículos.
Em estudos realizados recentemente pela União Europeia, entre as competências-chave para desenvolvimento de uma sociedade do conhecimento, encontram-se, além das tradicionais, as digitais e outras mais transversais como a cívica e social e as capacidades de expressão cultural. Num mundo em que a dinâmica da globalização se revela extremamente impositiva e que a relação entre comunidades e mundividências nacionais, étnicas e religiosas se tornou mais complexa e veloz, a promoção da educação artística tem vindo a transformar-se – também pelo esforço da UNESCO – num instrumento de construção de uma cultura da paz.
A aprendizagem com as artes tem um papel basilar no desenvolvimento pessoal, alargando competências do ser humano como a percepção, a imaginação, a criatividade. Aprender a ver, a ver de novo, a compreender de uma outra forma, a escutar, a perceber o gesto que vai da mão ao papel, a ler/escrever, e toda a dinâmica da percepção que todos estes actos envolvem, conferem ao cidadão uma função social activa, reelaborando, por outro lado, a essência interior de cada um por si. O que a arte imprime de abertura ao Outro e às inúmeras esferas ou dimensões do saber, é um caminho que urge fazer chegar às escolas, à Universidade e aos demais agentes educativos – pais, alunos, famílias, professores e investigadores.
Ana Marques Gastão e António Carlos Cortez (Coordenadores do ciclo)