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EXPOSIÇÃO DE DIOGO VAZ NO CNC

Está patente no Centro Nacional de Cultura, abrangendo a Galeria Fernando Pessoa, a Sala Sophia de Mello Breyner e a Sala Helena Vaz da Silva.

Exposição de pintura de Diogo Vaz no CNC


  
Inaugurada no dia 28 de Novembro pelas 18h30 na Galeria Fernando Pessoa, Sala Sophia de Mello Breyner e Sala Helena Vaz da Silva do CNC.


No dia da inauguração Margarida Mestre apresentou “Impressões”, uma performance sobre poemas de Maria Andresen com música de Gonçalo Gato. A exposição estará patente até dia 19 de Dezembro, de 2ª a 6ª feira entre as 14h00 e as 18h00.



Diogo Vaz nasceu em Lisboa no dia 23 de Junho de 1948 e morreu nesta mesma cidade no dia 6 de Maio de 2005, com cinquenta e seis anos.
O projecto desta exposição começou numa conversa entre nós os dois, na sua última semana de vida. Eu falei-lhe da ideia, o Diogo aderiu, pondo condições: que fosse uma coisa simples e escolhida, poucas coisas, das várias coisas em que trabalhara, e integradas. Esta exposição é resultado desse compromisso, para além claro, da certeza do seu valor, isto é da beleza destas coisas. Por isso me bati durante estes dois anos.
Esta não é a exposição ideal. O que hoje, a partir de hoje, aqui se expõe é o resultado de uma tentativa. Havia, há, uma quantidade considerável de coisas deixadas pelo Diogo. Pintura, guache, desenho livre, retrato, desenho de arquitectura, projectos, maquettes, fotografia, serigrafia. Na minha exposição ideal cabia tudo isso, algo que integrasse, de modo coerente, todas as suas linhas de trabalho e as suas diversas dimensões. Infelizmente, não foi possível dispor de alguns quadros importantes e não foi possível integrar o trabalho de Arquitectura por falta de capacidade minha para o fazer. Perante tais limitações, a opção foi a de expor os trabalhos realizados “livremente”. E nisso reside o que une os trabalhos hoje expostos: no modo como eles testemunham, na sua tão grande singularidade, esse carácter de ofício de necessidade, que se cumpriu, discreto e contínuo, sem condições, existindo à margem da vida profissional, fiel apenas ao seu ter de ser, ter-de-fazer, sem finalidade prática e, talvez por isso, de uma urgência vital: falo de uma urgência que os criadores conhecem.  


Por outro lado, se, nas suas linhas – e a linha é uma estrutura fortíssima neste desenho – se manifesta a forma de um olhar próprio, discreto, não isento de inquietação, mas excepcionalmente límpido em relação ao seu íntimo projecto, há que destacar, no que se vê na inclinação desse olhar, uma espécie de força melancólica, meditativa, que incide, por entre lugares, objectos, retratos e auto-retratos, em formas que são e foram, conforme a luz que lhes batia, fisionomias do tempo.
Estas são, pois, algumas das linhas do secreto projecto que viveu e partiu com o Diogo, deixando-nos estes sinais carregados daquilo que torna uma voz, cada voz, irrepetível . Sobre isso escreveu Ruy Cinatti: “Os que me amam conhecem o mistério que torna a minha voz inesquecível”.


Lisboa, 22 de Outubro de 2007
Maria Andresen Sousa Tavares

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