CNC

Diálogos Intergeracionais: à conversa sobre Ciência, Cultura e Política Científica

A próxima mesa-redonda terá lugar no dia 12 de novembro, às 18h00, e o tema em debate será “Duas Culturas: uma dicotomia ultrapassada?”.

A centralidade atual da questão do emprego científico e a necessidade de assegurar que a Ciência e o conhecimento desempenhem papel relevante na cultura e no modelo de desenvolvimento do País representam um desafio estrutural para o devir da sociedade portuguesa.

A magnitude dos desafios que se colocam ao sistema científico português requer um posicionamento claro da(s) comunidade(s) científica(s) de modo a que, na sua diversidade, se possam construir consensos amplos e, assim, garantir não só a estabilidade do sistema e o progresso futuro da ciência portuguesa, mas também a própria qualidade do ensino (nos seus diversos níveis) e das instituições portuguesas nos mais variados âmbitos socioprofissionais. Como forma de salvaguardar um futuro para a cultura científica em Portugal esses consensos devem ser construídos com o envolvimento ativo da comunidade científica e em proximidade com a sociedade, bem como numa lógica que permita nutrir o diálogo entre as gerações, debatendo as necessidades presentes, os trajetos históricos e as opções políticas (e respetivas implicações).

É, portanto, a valorização do papel da ciência e do conhecimento em diferentes esferas da sociedade portuguesa, desde a educação e a cultura ao desenvolvimento social e económico, na sua globalidade, que nos convoca para um debate alargado sobre o passado, o presente e o futuro da política científica em Portugal. É neste intuito que o CNC organiza um ciclo de mesas redondas em torno de temas basilares da política científica e representativas de algumas sensibilidades no debate destas matérias, que pretendemos que sejam abertas a uma participação e intervenção da comunidade científica e da sociedade.

Coordenação de Maria Eduarda Gonçalves e Tiago Brandão

Participação aberta ao público, mediante inscrição gratuita para alexandra.prista@cnc.pt


MESA REDONDA 3 :: 12 de novembro de 2019

Tendo em vista debater as prioridades da política pública de CTI – Ciência, Tecnologia e Inovação e os seus processos de formulação e implementação, terá lugar no próximo dia 12 de novembro a terceira mesa redonda do ciclo de debates dedicados à compreensão de temas centrais da política científica portuguesa. Partimos da convicção democrática de que os hábitos de discussão, saudável e construtiva, são fundamentais à comunidade científica portuguesa – e ao curso das políticas científicas –, mobilizando os atores sociais e a massa crítica disponível para pensar o passado, o presente e o futuro da investigação e inovação e suas respetivas políticas em Portugal.

Tema
DUAS CULTURAS: UMA DICOTOMIA ULTRAPASSADA? [1]
Especialização vs. integração das ciências; que cultura científica?; ciências ‘hard’ e ‘soft’, importância do diálogo entre as ciências nas eras do ‘big data’ e da revolução genética; o papel das ciências sociais e humanas, das universidades, etc..

Oradores:

Carlos Catalão (Ciência Viva)
Formado em Educação (Ph.D) pela Universidade de Cambridge (Reino Unido). Ativamente envolvido em projetos internacionais, é desde 1996 membro do Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica. É professor convidado do Departamento de Ciências da Comunicação da NOVA-FCSH. Os seus interesses de investigação focam-se na missão social das universidades e das instituições científicas, ao mesmo tempo que tem vindo a desenvolver conhecimento e experiência em termos de formulação de políticas públicas e governança pública a partir da colaboração com entidades ministeriais (ex. Ministério da Educação, Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior). Mais recentemente tem também se envolvido com as ‘frameworks’ políticas do Acesso Aberto e da Inovação Responsável, nomeadamente em instâncias europeias.

Alexandre Quintanilha (AR)
Físico e Professor Catedrático jubilado pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto. Trabalhou durante vários anos na Universidade da Califórnia, Berkeley, nos Estados Unidos, onde foi diretor do Centro de Estudos Ambientais, tendo desenvolvido extensa investigação nessa área. Entre 1983 e 1990, foi diretor assistente no Laboratório Nacional Lawrence, secção de Energia e Ambiente, e, entre 1987 e 1990, desempenhou o cargo de diretor do Centro de Estudo de Tecnologia da Biosfera. Foi diretor do Centro de Citologia Experimental do ICBAS e coordenador do Instituto de Biologia Molecular e Celular, também no Porto. Publicou perto de 100 artigos em revistas científicas de nível mundial, nas áreas da Biologia e Ambiente. Entrou na vida política após a reforma como docente e investigador universitário, como cabeça-de-lista do Partido Socialista pelo círculo eleitoral do Porto, nas Eleições legislativas de 2015. É atualmente deputado na Assembleia da República, onde é Presidente da Comissão de Educação e Ciência.

João Arriscado Nunes (CES)
Professor Catedrático de Sociologia da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, co-coordenador do Programa de Doutoramento “Governação, Conhecimento e Inovação” e Investigador Permanente do Centro de Estudos Sociais. Os seus interesses de investigação centram-se nas áreas dos estudos de ciência e de tecnologia, da sociologia política, e Direitos Humanos e teoria social e cultural (com ênfase no debate sobre as “duas culturas”). Tem coordenado vários projetos de investigação e (co)organizado eventos científicos nacionais e internacionais. Publicou extensamente e participou em vários livros importantes da comunidade CTS – Ciência, Tecnologia e Sociedade em Portugal: por ex. Enteados de Galileu: A Semiperiferia no Sistema Mundial da Ciência (Porto: Afrontamento, 2001).

Maria de Fátima Nunes (UE/IHC-CEFHCi)
Com formação em História Cultural e História das Ideias (‘escola Silva Dias’ da Universidade de Coimbra) e em História e Filosofia da Ciência, é Professora Catedrática da Universidade de Évora. Na Universidade de Évora é responsável pelos seminários de História da Ciência e da Cultura Científica (XVIII-XXI), Diretora de Curso de História e Filosofia da Ciência – especialidade Museologia, e coordenadora do Grupo Ciência – Estudos de História, Filosofia e Cultura Científica (IHC). É atualmente Vice-Presidente do Instituto de História Contemporânea da NOVA-FCSH. Além de ampla inserção em redes de história da Ciência no mundo Iberoamericano, e participação em diversos projetos inovadores, apresenta também uma extensa lista de publicações em história das ciências em Portugal.

Moderador:
Tiago Brandão (NOVA-FCSH, IHC)
Formado em História (Ph.D), com uma tese publicada sobre a história das políticas científicas em Portugal (1910-1974), é desde 2007 investigador integrado do Instituto de História Contemporânea e, atualmente, investigador contratado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (IHC, FCSH-UNL). Tem como principais áreas de investigação a história das políticas científicas em geral, os problemas e desafios da organização da Ciência em Portugal – e suas diversas instituições científicas –, também se interessando e publicando sobre esta temática em quadros comparados, incluindo história das ideias e respetivas tradições de pensamento em Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade no que respeita ao mundo ibero-americano.


[1] Refira-se que no seu discurso de abertura na Munich Security Conference em Janeiro de 2014, o presidente da Estónia, Toomas Hendrik Ilves afirmou que os problemas correntes no domínio da segurança e liberdades no ciberespaço representam um culminar da falta de diálogo entre as “duas culturas”.


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