Reflexões

De 15 a 21 de Agosto de 2005

Depois de termos atingido a cifra assinalável de dois milhões de visitantes, o que suscita tanto mais admiração quanto é certo que isto acontece com um portal de informação cultural (…)

REFLEXÃO DA SEMANA
De 15 a 21 de Agosto de 2005


Depois de termos atingido a cifra assinalável de dois milhões de visitantes, o que suscita tanto mais admiração quanto é certo que isto acontece com um portal de informação cultural, já estamos a caminho dos dois milhões e duzentos mil, confirmando o que tínhamos previsto no início do Verão. Este ano os nossos visitantes levaram o e-cultura para férias e nós também fomos com eles, uma vez que mantivemos a presença a cem por cento, o que se deve ao entusiasmo e ao trabalho da nossa equipa (Ana Rogado, Sofia Machaqueiro etc.). Muito obrigado! Por hoje, uma vez que muitos navegadores o solicitaram, reproduzimos uma parte do texto em que aqui assinalámos a morte do filósofo contemporâneo Paul Ricoeur. «O que nos deixa Ricoeur é uma obra muito rica e densa, e uma atenção singularíssima à modernidade, que permitirá, depois da sua morte, manter actual, por muitos anos, a perenidade dos seus textos – porque foi um interrogador do tempo presente, com instrumentos intelectuais cujas potencialidades estão longe de se esgotar. “Metáfora viva” e “Paradoxo político” são referências quer no campo filosófico, em especial no pensamento hermenêutico, quer no campo do pensamento político, no auge da contradição histórica entre as aspirações sociais dos anos cinquenta e a exigência das liberdades individuais, que o colectivismo recusava. Husserl e Karl Jaspers influenciaram o seu pensamento e o seu método. A coerência entre o pensamento e o compromisso, na linha de Mounier e de Landsberg, aprofundou-se a partir da experiência da prisão durante a guerra e das responsabilidades sentidas no pós-guerra. Gabriel Marcel foi um interlocutor essencial para Ricoeur, pondo em diálogo a existência e a acção, o percurso individual da pessoa e o compromisso social… O tema da responsabilidade não pode ser alheio ao do conhecimento e da compreensão. Personalidades como André Philip influenciam o percurso cívico. Merleau-Ponty, Lévinas, Gadamer, Dumézil, Eliade, Rawls, Walzer mobilizaram a sua atenção e a sua extraordinária capacidade para dialogar e aprofundar as reflexões sobre ideias. Membro da Igreja presbiteriana tornou-se uma figura essencial no diálogo ecuménico – respeitadíssimo pelas várias confissões religiosas, pela seriedade da sua atitude intelectual. Desde 1956 viveu na comunidade fundada por Mounier, nos arredores de Paris, partilhando com Paulette Mounier, Jean-Marie Domenach, Henri Marrou, Paul Fraisse uma atitude centrada na dignidade da pessoa humana. A “ontologia do agir” leva-o a afirmar: «Sous la pression du négatif, des expériences en négatif, nous avons à reconquérir une notion de l’être qui soit acte plutôt que forme, affirmation vivante et puissante d’exister ». Era um sábio, com uma inteligência desperta para ouvir os outros e para descobrir novos caminhos.»

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