Poeta, cronista, encenador, homem do teatro e das artes, Jorge Listopad radicou-se em Portugal nos anos 50 depois de um percurso de resistente ao nazis e ao totalitarismo. Um dia disse: “quando nasci em Praga não suspeitava que era uma das mais belas cidades do mundo”…
Em Paris, cruzou-se com Sartre, Camus, Duras, Cocteau, Tzara, Beckett, Eluard, Malraux… Com Dubcek e Havel teve contacto próximo. Estava em Paris como adido cultural, em 1948, quando se deu o golpe de Estado que implantou a ditadura.
Vindo para Portugal, apaixonado pelo Douro e pelo chá de lúcia-lima,foi dos pioneiros da RTP – Porto e nunca mais deixou de ser o grande mestre do moderno teatro português. Encenou 60 peças, incluindo os grandes clássicos portugueses – de «A Castro» a «Frei Luís de Sousa». São inesquecíveis as encenações de «O Fim» de António Patrício e «Anúncio Feito a Maria» de Claudel, com tradução de Sophia de Mello Breyner. Os seus passos estão documentados em «Da Boémia à Finisterra»…Augusto M. Seabra disse: «Era uma figura enigmática e fascinante». José Carlos Vasconcelos recorda a sua imaginação prodigiosa. Lembraremos sempre o seu coelhinho sábio…
Amigo de Helena Vaz da Silva, colaborador generoso do Centro Nacional de Cultura, não o esquecemos! É uma das nossas glórias.
O CNC apresenta a sua família sentidas condolências.