Posso dizer que nesse dia sentimos o que era estar no coração do Algarve e sob o exemplo generoso e sábio de uma das mais importantes referências da cultura portuguesa.
Luís Guerreiro era o «engenheiro das letras», na expressão de outro saudoso mestre, que foi Joaquim Magalhães.
A partir da formação no Técnico, e sempre como probo cidadão e profissional, o presidente da Fundação Viegas Guerreiro, tornou-se cedo um apaixonado pelas coisas do Algarve – não numa perspetiva superficial ou passageira, mas com uma grande preocupação de rigor, indo ao encontro dos que melhor poderiam estudar, investigar e aprofundar o conhecimento sobre uma região, cuja riqueza ultrapassa em muito as ideias fáceis que sobre ela se formam.
Querença foi a base de partida da sua ação, mas foi o Algarve todo que sempre o atraiu e apaixonou. Muitas vezes nos encontrámos e sempre contei com o seu entusiasmo e a sua solidariedade.
A propósito da Convenção de Faro do Conselho da Europa sobre o valor do Património Cultural na Sociedade Contemporânea posso dizer que o Engenheiro Luís Guerreiro era a demonstração clara de como esse documento fundamental, que completa as Convenções de Granada, La Valetta e Florença, sobre o património artístico e arqueológico, assinado no Algarve, constitui um desafio extraordinário para uma região com uma riqueza rara no domínio histórico – como está claramente demonstrado na Exposição sobre Loulé do Museu Nacional de Arqueologia. O turismo cultural tem aqui potencialidades que devem ser seguidas e aprofundadas – para além do sol e do mar. E as iniciativas de Luís Guerreiro e o seu exemplo são um estímulo que o futuro tornará cada vez mais significativo, com tantos mistérios históricos por desvendar (como a escrita do Sudoeste) e com tantas potencialidades na criação contemporânea.
A melhor lembrança da sua memória é o prosseguimento do seu entusiasmo e da sua ação!
Continuaremos! Essa a nossa gratidão!
Guilherme d’Oliveira Martins