O evento teve lugar um dia depois do memorável concerto ‘A Europa Musical 1500-1700′ de Savall e do seu conjunto Hespèrion XXI no Grande Auditório da Gulbenkian, que reuniu 1.200 pessoas. Durante a cerimónia, Menções Especiais do Júri foram entregues ao jornalista de rádio e televisão dinamarquês Adrian Lloyd Hughes e ao jornalista cultural espanhol Rafael Fráguas. O Prémio, instituído em 2013 pelo Centro Nacional de Cultura, em cooperação com a Europa Nostra, a principal organização europeia de defesa do património que o CNC representa em Portugal, e com o Clube Português de Imprensa, distingue contribuições excecionais para a proteção e divulgação do património cultural e dos ideais europeus.
O património, especialmente o património musical, enquanto poderoso instrumento de promoção do tão necessário diálogo intercultural na Europa e entre a Europa e o resto do mundo, esteve no centro da cerimónia, em particular, do discurso de aceitação do prémio feito pelo músico catalão.
O Maestro Savall recebeu o Prémio de Guilherme d’Oliveira Martins, Presidente do Centro Nacional de Cultura e Membro da Direção da Europa Nostra, e Teresa Patrício Gouveia, Membro do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian, um dos principais apoiantes deste Prémio Europeu.
“A atribuição do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva a Jordi Savall constitui o reconhecimento de um trabalho intenso e admirável de uma personalidade notável, de um artista e de um cidadão que, no âmbito da música, tem sabido ilustrar e desenvolver um conceito dinâmico de defesa e preservação da herança e da memória históricas como realidades vivas, nas quais o passado é enriquecido no presente para poder projetar-se no futuro como mais-valia”, destacou Guilherme d’Oliveira Martins, que é também o Presidente do Júri do Prémio. Leia aqui discurso do Presidente do CNC.
O Presidente da Europa Nostra, Maestro Plácido Domingo, numa mensagem de felicitações lida na cerimónia, saudou o reconhecimento de “Jordi Savall, um dos maiores músicos europeus do nosso tempo” e expressou a sua “grande admiração e estima pelo artista, europeístaconvicto, humanista esclarecido e mensageiro da paz”.
“O Maestro Savall tem dado um enorme contribuito para a promoção de uma Europa da Cultura. Da mesma forma, a Europa Nostra acredita firmemente que a Europa é, antes de mais, um projecto cultural “, salientou Plácido Domingo. “Precisamos, portanto, de atribuir à cultura um papel muito mais central dentro do processo de construção da Europa. E isso é ainda mais necessário hoje, quando os valores e os ideais da Europa estão a ser seriamente ameaçados por formas perigosas de fragmentação, divisões e extremismo. A Europa precisa urgentemente de potenciar e unir todas as suas forças e vozes positivas de modo a reavivar a esperança e construir pontes entre os europeus, bem como entre os europeus e o resto do mundo”, defendeu o Presidente da Europa Nostra.
O Maestro Domingo expressou também o desejo de que “as Menções Especiais do Júri dadas a Adrian Lloyd Hughes e Rafael Fráguas possam inspirar uma nova geração de comunicadores culturais em toda a Europa, seguindo a melhor tradição de ativismo cultural tão caro a Helena Vaz da Silva.”
O Secretário de Estado da Cultura Jorge Barreto Xavier, numa mensagem de vídeo gravada especialmente para o evento, expressou admiração pelo trabalho notável realizado pelo Maestro Savall ao longo de mais de 50 anos. “Jordi Savall é um dos maiores referenciais da afirmação da história da música e da música antiga no contexto do século 20 e da sua projeção para o século 21. Este tributo a Savall é também um tributo ao papel desempenhado pela música europeia na construção da Europa”, afirmou.
Barreto Xavier também congratulou os galardoados com as Menções Especiais. “O reconhecimento de dois jornalistas culturais da Dinamarca e de Espanha destaca a importância do jornalismo como um elemento de valorização da cultura e do património”, acrescentou.
Antes da entrega do Prémio a Jordi Savall, o musicólogo Rui Vieira Nery fez um discurso em louvor do vencedor.
Dinis de Abreu, Presidente do Clube Português de Imprensa, entregou a Menção Especial a Adrian Lloyd Hughes. “Estou profundamente empenhado em transmitir ao público os esforços de todos os artistas, artesãos e arquitetos. Para mim, esta é a essência do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva: uma grande alegria e orgulho pelo rico património cultural que nos rodeia e um firme compromisso em preservá-lo e mantê-lo em todo o seu esplendor para as gerações futuras”, afirmou Hughes, no seu discurso de aceitação.
Dado que Rafael Fráguas não pôde comparecer na cerimónia, Javier Rioyo, Diretor do Instituto Cervantes, recebeu a Menção Especial em seu nome.
Cerca de 100 pessoas participaram no evento que teve como mestre-de-cerimónias a Secretária-Geral da Europa Nostra Sneska Quaedvlieg-Mihailovic.
Este Prémio Europeu para a Divulgação do Património Cultural, que tem o nome de Helena Vaz da Silva (1939-2002), recorda a jornalista portuguesa, escritora, activista cultural e política, e a sua notável contribuição para a divulgação do património cultural e dos ideais europeus. É atribuído anualmente a um cidadão europeu cuja carreira se tenha distinguido pela difusão, defesa e promoção do património cultural da Europa, quer através de obras literárias e musicais, quer de reportagens, artigos, crónicas, fotografias, documentários, filmes de ficção e programas de rádio e/ou televisão. O prestigiado escritor italiano Cláudio Magris foi o primeiro laureado deste Prémio Europeu, em 2013; o escritor turco e Prémio Nobel da Literatura Orhan Pamuk recebeu este Prémio em 2014.