Lembrar os “Cadernos de Poesia” é antes de tudo invocar a força da iniciativa e a memória dos seus primeiros impulsionadores, cujos centenários assinalamos. José Blanc de Portugal (1914-2000); Ruy Cinatti (1915-1986) e Tomaz Kim (1915-1967). O intuito da revista foi o de afirmar que “a Poesia é só uma” e “arquivar a atividade da Poesia atual sem dependência de escolas ou grupos literários, estéticas ou doutrinas, fórmulas ou programas”. A primeira série dos “Cadernos” (1940-42) foi organizada pelos três poetas referidos e engloba cinco números antológicos; a segunda (1951) foi concretizada por Jorge de Sena, Ruy Cinatti, José Blanc de Portugal e José-Augusto França com sete fascículos e a terceira teve três números (1952-53). Os “Cadernos de Poesia” são uma verdadeira bússola num momento crucial da literatura portuguesa do século XX, contando com Sophia, Eugénio de Andrade e Jorge de Sena. Sente-se bem a criação poética como “compromisso firmado entre um ser humano e o seu tempo, entre uma personalidade e uma consciência sensível do mundo”.
Guilherme d’Oliveira Martins