Homem de extremos em todos os aspetos da sua vida, da ópera à política, dos muitos textos que escreveu à sua vida íntima, mas sobretudo na sua música e na sua vasta influência, Richard Wagner é sem dúvida uma das personalidades mais extraordinárias dos últimos 200 anos, de tal forma que ainda hoje, passados mais de 130 anos da sua morte, o nome de Wagner continua a estar no centro de acesas controvérsias e discussões.
A pretexto da apresentação da ópera “A Valquíria” na Ópera Estatal da Baviera em Munique, local de estreia desta mesma ópera a 26 de junho de 1870, propõe-se com este programa visitar alguns dos locais mais importantes e marcantes para a vida do compositor: Munique – Dresden – Leipzig.
Começamos esta viagem pelos locais que viram a consagração e a maturidade dessa forma de Arte Total, a fusão perfeita de Teatro com Música, o Drama Musical. Em Munique, na Ópera Estatal, a mesma onde vamos ver a Valquíria, foram estreadas “Tristão e Isolda” (1865), “Os Mestres Cantores de Nuremberga” (1868), “O Ouro do Reno” (1869) e, finalmente, “A Valquíria” (1870); em Neuschwantein vamos poder respirar todo o ambiente recriado por Luís II da Baviera para homenagear o seu compositor de eleição, Richard Wagner. Depois de coroado rei da Baviera em 1864, com 18 anos, Luís II tornou-se o patrono de Wagner. Conhecido como o “Rei Louco”, este monarca tinha sonhos absolutamente extravagantes, que encontravam nos enredos e na música de Wagner verdadeira inspiração. Um dos seus projetos foi precisamente o castelo de Neuschwanstein que parece saído de um conto de fadas e que decorou com cenários das óperas de Wagner.
Por fim passaremos por Bayreuth, local escolhido por Wagner para aí construir o seu teatro, desenhado e pensado para a apresentação das suas óperas. Bayreuth era escolhido por estar o suficientemente longe de qualquer centro urbano mais relevante, pois Wagner queria que os seus artistas estivessem absolutamente concentrados nos seus Dramas Musicais, sem a interferência e o ruído da vida das grandes cidades.
Da Baviera vamos para Dresden, cidade que estará para sempre associada ao período revolucionário de Wagner. Mas Dresden não é apenas a cidade da Revolução (1849), Dresden é a cidade que viu serem apresentadas as duas óperas que levariam à consagração da linguagem Wagneriana, que a pouco e pouco deixaria a ópera mais convencional, caminhando a passos largos para o Drama Musical – “O Navio Fantasma” (1843) e Tannhäuser (1845). Este período de Dresden ajuda a explicar muito do pensamento radical de Wagner, tanto no que diz respeito à sociedade como à política e até à própria Arte. Nesta cidade vamos poder ver uma ópera (La Bohème de Puccini) precisamente no Teatro de que Richard Wagner foi diretor artístico e que viu serem estreadas o “Navio Fantasma” e “Tannhäuser”.
Esta nossa primeira viagem a propósito de Wagner termina em Leipzig, cidade que o viu nascer e onde aprendeu as primeiras notas musicais. Local absolutamente central para a história da música, é a cidade de Mendelssohn, de Wagner, mas também onde Johann Sebastian Bach deu a conhecer ao mundo algumas das suas maiores obras-primas, sobretudo no final da vida.
Na célebre Igreja de São Tomás, para a qual Bach escreveu um grande número de cantatas, oratórios e peças para órgão, a Igreja onde foi batizado Richard Wagner a 16 de agosto de 1813, vamos poder assistir ao Tradicional concerto de Natal da Orquestra do Gewandhaus (outra verdadeira instituição da vida musical europeia) com a imperdível oratória de Natal de Bach, composta precisamente naquela cidade.
4 a 12 de dezembro 2015
Guia: André Cunha Leal
Informações e Inscrições: alexandra.prista@cnc.pt