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Tomar – Convento de Cristo

ROTEIROS CNC / DIÁRIO ECONÓMICO


TOMAR > CONVENTO DE CRISTO


O Centro Nacional de Cultura vem propor-lhe um olhar atento sobre a monumentalidade e história da cidade de Tomar.
Inserida na Região de Turismo dos Templários, a cidade de Tomar conta com uma ocupação que remonta ao período romano. Destruída aquando da invasão árabe, foi, em 1159, doada por D. Afonso Henriques à Ordem do Templo, que fez na região um magnífico trabalho de povoamento. Gualdim Pais, célebre mestre Templário, edificou o Castelo em 1160 e doou carta de foral em 1162.
O Infante D. Henrique foi, a 25 de Maio de 1420, nomeado Regedor e Governador da Ordem de Cristo que tinha instalado a sua sede em Tomar, após um curto período em Castro Marim. Esta medida reforçou amplamente os bens do Navegador e possibilitou uma participação da Ordem de Cristo na empresa dos Descobrimentos Marítimos.


O Convento de Cristo em Tomar é o ex-libris da cidade de Tomar. A partir da Charola, construída nos finais do séc. XII por Gualdim Pais, o Convento ilustra, nas suas variadas e numerosas dependências, os movimentos artísticos que decorrem desde o séc. XII ao séc. XVII. A Charola é de traça românica e tem uma planta em forma de rotunda, que cita propositadamente o Santo Sepulcro de Jerusalém. Com uma arquitectura a lembrar o bizantino, mas com um espírito austero que lembra a ordem de S. Bernardo, encontra-se profusamente decorada por intervenções de épocas posteriores, nomeadamente do séc. XVI, com estatuária, pintura mural, retábulos, estuques e elementos mudejares.


O edifício desenvolveu-se a partir da Charola, sendo os claustros do Cemitério e da Lavagem as obras que se seguiram, a mando do Infante D. Henrique. A campanha de obras realizadas nos reinados de D. Manuel (1495 – 1521) e de seu filho D. João III (1521 – 1557) dá origem às construções mais significativas como a Igreja e o Claustro da autoria de Diogo de Torralva. A terceira fase de construção deve-se ao período filipino com a edificação de uma nova portaria pelos arquitectos Filipe Terzi e Fernando Torres na fachada norte. Contudo é o chamado estilo manuelino com a sua gramática decorativa que mais impera neste vasto conjunto.


O Claustro do Cemitério foi o primeiro a ser construído, a mando do Infante D. Henrique, numa procura de funcionalidade para o Convento, e destinava-se a panteão dos religiosos e cavaleiros da Ordem de Cristo, vindo substituir nessa função a Igreja de Nossa Senhora do Olival. A galeria é abobadada e os arcos ogivais assentam em colunas duplas de fuste liso e capitéis decorados com motivos vegetalistas. Nas suas galerias encontra-se o túmulo manuelino de D. Diogo da Gama, irmão de Vasco da Gama, embaixador de D. Manuel I em Roma no ano de 1502.


O Claustro da Lavagem, cuja origem remonta à reforma da Ordem levada a cabo pelo Infante D. Henrique, deve o seu nome ao facto de no seu piso inferior se realizarem as lavagens das vestes do monges. Desenvolvido em dois andares, o piso inferior tem as galerias facetadas com pilares octogonais.


Os espaços manuelinos são constituídos pela Igreja, pelo Coro e pela Sacristia. A Igreja é do principio do séc. XVI, para a sua construção rasgou-se um dos lados da charola que, neste tempo, foi adaptada a capela-mor. O plano da nave da Igreja e sua cobertura devem-se a Diogo de Arruda, podendo-se observar que o Coro deste templo tem grandes afinidades com o do Mosteiro dos Jerónimos. A Sacristia é mais vulgarmente conhecida por Sala do Capítulo, visto que esta última ficou por acabar. Aqui se pode apreciar o deslumbrante bordado na pedra do tão conhecido janelão do Convento de Cristo em Tomar, da autoria de Diogo de Arruda que, segundo alguns autores, se filia na arte indiana com que os portugueses tomaram contacto através das viagens dos Descobrimentos.


No exterior há que referenciar o portal datado de 1515, da autoria de João de Castilho onde motivos manuelinos e renascentistas se conjugam.


O Claustro de D. João III foi edificado pela urgência de uma passagem digna entre a Igreja e o Dormitório dos Frades e é hoje o símbolo do alto renascimento em Portugal, projectado pelo arquitecto Diogo de Torralva.

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