Escritora, pedagoga, animadora cultural, ficcionista, dramaturga, ensaísta, Eduarda Dionísio morreu aos 77 anos. Tradutora de Shakespeare, Schnitzler, Brecht, Müller e Fosse), foi uma figura muito relevante de uma geração politicamente empenhada, antes e depois do 25 de Abril de 1974. Foi autora de um importante estudo sobre a cultura em Portugal com um título irónico, ‘Títulos, Ações, Obrigações’, de 1993, que corresponde à sua atitude perante a vida, centrada na compreensão da fragilidade humana e na valorização do sentido crítico. Escreveu romances que se traduzem no balanço desencantado, mas não desistente, da militância e da educação sentimental. Ativista incansável, colaborou como Bando e com o Teatro da Cornucópia, nomeadamente com uma importante colagem de textos de Raul Brandão, ‘Primavera Negra’. Nascida em Lisboa, era filha do escritor e pintor Mário Dionísio e da professora Maria Letícia Silva, Eduarda Dionísio era licenciada em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa. Como seus pais, foi professora do ensino secundário e destacou-se sempre por um intenso envolvimento social e político, sobretudo nas décadas de 1970 e 1980. Participou em exposições coletivas de artes plásticas, escreveu diversas antologias de textos literários portugueses e participou ativamente na dinamização teatral. Eduarda Dionísio dirigia a Casa da Achada, em Lisboa, onde se encontra o espólio de seu pai. A estreia literária ocorreu em 1972 com “Comente o Seguinte Texto”, no qual revela um método narrativo especial, evocando o ambiente onde alunos prestam provas, perante um texto sob a vigilância do professor de português. Assinou ainda com Antonino Solmer, a peça “Dou-Che-Lo Vivo, Dou-Che-Lo Morto”.
O Centro Nacional de Cultura apresenta sentidas condolências à família e amigos e homenageia a cidadã e a sua militância ativa em prol da educação e de uma cultura livre e criadora.