Destaque

Melhores Livros de 2021

Como habitualmente o Centro Nacional de Cultura escolheu vinte livros de entre os que consideramos valerem a pena.
A lista não é exaustiva e a ordem é aleatória.
Boas leituras para todos.

Divina Comédia
Dante Alighieri

Tradução de Jorge Vaz de Carvalho
Imprensa Nacional-Casa da Moeda

«A Divina Comédia de Dante Alighieri, escrita nas duas décadas iniciais do século XIV, é dos poemas que bem podemos canonizar como uma criação intemporal do génio humano. A viagem que narra pelas três condições da eternidade cristã, Inferno, Purgatório e Paraíso, é uma maravilhosa aventura de história e profecia, pensamento, sentimentos e emoções, a que raramente, ou talvez nunca, a poesia soube ascender. O tradutor procurou transparecer fielmente as riquíssimas virtudes e valores expressivos da terza rima original, supondo o texto que Dante escreveria tendo usado a língua portuguesa.» (da contracapa)

Prosa
Sophia de Mello Breyner Andresen

Maria Andresen e Carlos Mendes de Sousa
Assírio & Alvim

A presente edição agrupa num único tomo a prosa da autora, seguindo e atualizando os critérios de fixação de texto adotados nas edições anteriores, graças ao notável trabalho de Carlos Mendes de Sousa e Maria Andresen de Sousa Tavares, que assinam, respetivamente, o prefácio e o posfácio desta edição. Inclui-se na presente edição trechos inéditos do conto «Os Ciganos».
Como nos diz Carlos Mendes de Sousa, no prefácio a esta edição: «É frequente encontrarmos públicos leitores da obra de Sophia muito distintos: de um lado, os leitores de poesia; do outro, os das narrativas, em particular os das histórias para crianças. O mesmo se pode dizer da crítica que, em geral, se centra em cada género separadamente. A reunião da poesia num só volume permitiu captar com nitidez a alentada dimensão de completude desta obra, uma evidência que se dá a ver, em clareza, a partir da leitura sequencial dos livros, na linha do tempo da sua publicação. O presente volume da prosa reunida também vem ajudar a mostrar essa unidade, quando é colocado ao lado da Obra Poética. Os diálogos, as inter-relações revelam novas visões de conjunto.»

Um Dia Chegarei a Sagres

Nélida Piñon
Temas e Debates

A história de Mateus, um camponês do Portugal profundo do século XIX que cresce sob a dedicada tutela do avô, mas sufocado pelo obscuro segredo que envolve os seus progenitores. Quando o avô morre, Mateus resolve abandonar o arado e marchar para Sagres. Trata-se de uma obsessão antiga: fascinado pelas sagas dos heróis descobridores marítimos, Mateus está decidido a encontrar o túmulo do infante D. Henrique naquela cidade. Mas será que algum dia chegará a Sagres? Narrada com a mestria característica de Nélida Piñon, a odisseia de Mateus é uma análise poderosa do esplendor e decadência de Portugal e uma homenagem belíssima à tradição literária e cultural portuguesa.

A Confissão e a Culpa

Germano Almeida
Editorial Caminho

O presente romance, com o sugestivo título de A Confissão e a Culpa, fecha um conjunto de três obras que o autor veio agora a enquadrar sob o título geral de Trilogia do Mindelo. Os outros dois romances, já publicados, são O Fiel Defunto e O Último Mugido. Neles se relata um acontecimento ocorrido na cidade do Mindelo, ilha de São Vicente do arquipélago de Cabo Verde. Esse acontecimento, que comoveu o país, foi o estranho e inesperado assassinato do famoso escritor cabo-verdiano Miguel Lopes Macieira, glória da ilha, pelo seu amigo mais próximo, o Engenheiro Edmundo do Rosário, precisamente na concorrida sessão de lançamento do seu mais recente livro, aguardado com grande expectativa por todos os mindelenses. 
Da primeira linha do primeiro volume: “Toda a gente foi apanhada de surpresa, pelo que ninguém tentou impedir o assassinato do mais conhecido e traduzido escritor das ilhas, breves momentos antes do início da cerimónia de apresentação do que acabou por ser a sua última obra.”
Sensível a esta falha, porventura intencional, o autor vem agora oferecer-nos a oportunidade de encontrarmos a resposta à pergunta: Por que motivo Edmundo do Rosário assassinou o seu melhor amigo precisamente quando ele se preparava para ser uma vez mais aplaudido pelo povo do Mindelo. É esse o assunto deste terceiro volume desta trilogia, A Confissão e a Culpa. Tem a palavra o assassino.

As Crónicas

António Lobo Antunes
Dom Quixote

As crónicas reunidas no presente volume resultam de uma seleção feita a partir de mais de quatrocentos textos publicados pelas Publicações Dom Quixote em cinco volumes independentes entre 1998 e 2013. Inclui também uma seleção de crónicas inéditas em livro.
Numa escrita mais intimista do que a dos seus romances, as crónicas de António Lobo Antunes abordam uma vastíssima panóplia de temas que incluem não só a infância, a família, as mulheres, os amigos, os amores e os desamores, a vida e a morte, mas também relatos sobre pessoas anónimas encontradas ocasionalmente, apontamentos de viagem ou sobre pequenos restaurantes de bairro e, como não podia faltar, algumas notas sobre a escrita e os livros.
Com esta seleção de quase duas centenas de textos, pretendeu-se oferecer ao leitor uma amostra realmente abrangente da versatilidade e do talento de António Lobo Antunes como cronista.

Três Histórias de Esquecimento

Djaimilia Pereira de Almeida
Relógio D’Água

Três Histórias de Esquecimento inclui as novelas A Visão das Plantas e Maremoto, que já tiveram edição autónoma, e a inédita Bruma.
Nasceram de uma afirmação do filósofo britânico Peter Geach: “Talvez um homem possa perder a sua última chance quando é novo, e depois viver até ser velho: viver contente e sentir-se em casa no mundo, mas aos olhos de Deus estar morto.”
Quem nos salva da possibilidade de, cedo na vida, nos termos desperdiçado? Este tríptico reflecte sobre este desperdício, tomando a vida de três homens.
Três homens, encarnações do desespero perante perguntas a que a História não responde. Celestino, um traficante de escravos de regresso a casa, emparedado num jardim, em A Visão das Plantas; Boa Morte da Silva, arrumador de carros, ex-combatente da Guerra Colonial, deixado à sua sorte numa rua de Lisboa, em Maremoto; Bruma, duplo fantasioso do escudeiro negro que lia histórias ao pequeno Eça de Queiroz, em Bruma.
As vidas de Celestino, Boa Morte da Silva e Bruma esfumam as certezas e abraçam as contradições. Fantasmas guardados dentro dos livros, alegorias da escrita e da leitura, que estas Três Histórias tentam fazer regressar ao nosso espanto.

Integrado Marginal

Bruno Vieira Amaral
Contraponto

Notívago, boémio, brigão. Receoso de que a imagem pública lhe ensombrasse os méritos literários. Crítico do marialvismo. Acusado de ser marialva. Bem relacionado. Obcecado com a própria independência. O maior escritor da segunda metade do século XX. Um escritor datado e sem a mesma projeção internacional de um Lobo Antunes ou de um Saramago. Um espírito insubmisso. Um casamento duradouro. A convicção e a crença no próprio trabalho. Momentos de dúvida e angústia. Neste livro, vive um homem cuja personalidade foi formada no antagonismo. E um espírito que, apesar de amarrado a diversos ódios (ao campo, ao regime, à pequena burguesia da qual era originário, à literatura sentimental e demagógica, à polícia, à Igreja), nunca desistiu de Portugal e de ser escritor.
Da influência inicial da literatura anglo-saxónica, passando pela necessidade de encontrar uma “sintaxe citadina”, ou pela importância de incorporar a experiência na criação literária sem cair no sentimentalismo ou no confessionalismo, até ao salazarismo enquanto quadro de mentalidades contra o qual toda a obra de Cardoso Pires se desenvolve, esta biografia dá a conhecer o processo de construção de um escritor.
Pela mão do destacado escritor Bruno Vieira Amaral, o leitor conhece a exigência obsessiva e quase doentia, a lentidão no processo de escrita e publicação e como isso entrava em contradição com a aspiração ao profissionalismo e com a insistência na dignificação do ofício de escritor que toda a vida José Cardoso Pires, o integrado marginal, defendeu.

As Sete Estações da Democracia
Sete testemunhos decisivos

Maria João Avillez
Dom Quixote

Dois antigos primeiros-ministros, um ex-vice-primeiro ministro, dois antigos deputados europeus e o atual presidente da República: sete testemunhos decisivos para decifrar os mistérios da política.

«As estações de Maria João Avillez e dos seus entrevistados, tocadas a quatro mãos, são todas de visita obrigatória e as mais interessantes são as mais impressionistas. A política – o lugar do bem e do mal – habita em todas as sete estações e é tanto o modo de reunir a comunidade nacional num projeto colectivo que pode fazer Portugal maior, como o abismo onde as paixões negativas podem destruir o destino comum. As palavras com que Maria João Avillez procura decifrar os mistérios da política são as mesmas que a protegem da política.»
Do Prefácio, de Carlos Gaspar

O Relógio de Cuco
Autorretrato

Maria Antónia Palla
Humus

Em casa dos meus avós paternos havia um relógio de cuco de madeira preta, que chamava a minha atenção.
De quando em quando, o pássaro saltava do seu nicho e produzia um som que acompanhava o movimento dos ponteiros do relógio.
Desde muito pequena que o relógio me atraia sem conseguir descobrir aquele mistério. Até que um dia, devia ter os meus quatros anos, pedi ao avô que me explicasse o que o cuco fazia e para que servia. e o avô ensinou-me a ver as horas.
Fiquei deslumbrada por ter adquirido um conhecimento que já não pertencia só aos adultos. e a partir de então, pensei que era bom aprender.

Pessoa & Saramago

Miguel Real
Dom Quixote

«Ainda que firmados em dois projetos literários diferentes, em dois tempos mentais diferentes, quase antagónicos, se não mesmo contraditórios, duas caraterísticas são comuns a Pessoa e a Saramago:
– A total transgressão dos códigos estéticos do seu tempo, balizando um novo vinco na história da literatura;
– Uma representação absolutamente original da língua, do homem e da sociedade – Pessoa, da crise do sujeito literário e existencial do princípio do século, respondendo com a originalíssima multiplicação da identidade autoral e narrativa; Saramago, da situação crítica do mundo ocidental no final do século, postulando uma escrita que funde o romance com o ensaio, uma escrita que não intenta apenas revelar o mundo, mas sobretudo, usando a sua visão pessoal do mundo, problematizá-lo, complexificando o estatuto do narrador, incorporando neste o autor.»

É assim que Miguel Real, conhecido ficcionista, crítico literário e ensaísta, que há mais de vinte anos se dedica ao estudo de autores e pensadores portugueses, resume o presente ensaio que, partindo de uma conferência realizada no México, trata do que é próprio e afim.

Escavadoras

Marta Pais Oliveira
Gradiva

Maria e Petrúcio ergueram o lar em frente a uma árvore de raízes fundas e tiveram três filhas: Violeta, Helga e Mariana, que nunca saiu de casa, nem para o parto de Lucília. Alguém começa a ver em duplicado e diz ter encontrado as almas do mundo, alguém se levanta de
madrugada para reparar melhor, insânia após insónia. Há quem faça listas intermináveis contra a finitude. Petrúcio emudeceu e assiste aos avanços ameaçadores das escavadoras a esventrar a terra, rondando o terreno. Quem não aceita que lhe corrijam o problema ocular procura a lua em quarto minguante. Essa é a noite do grande incêndio.

O júri considerou Escavadoras um “romance que atrai não só pelas vertentes oníricas como a narrativa se organiza, mas também pelo sentimento de perda que une o universo existencial das personagens. Um ponto de vista lutuoso orienta e organiza as relações humanas e, facto não menos relevante, a própria tragédia familiar vivida no romance”.

Último Olhar

Miguel Sousa Tavares
Porto Editora

Pablo tem 93 anos, viveu a Guerra Civil Espanhola, viveu os campos de refugiados da guerra em França, viveu quatro anos no campo de extermínio nazi de Mauthausen. E depois viveu 75 anos tão feliz quanto possível, entre os campos de Landes, em França, e os da Andaluzia espanhola. Inez tem 37 anos, é médica e vive um casamento e uma carreira de sucesso com Martín, em Madrid, até ao dia em que conhece Paolo, um médico italiano que está mergulhado no olho do furacão do combate a uma doença provocada por um vírus novo e devastador, chegado da China: o SARS-CoV-2. Essa nova doença, transformada numa pandemia sem fim, vai mudar a vida de todos eles, aproximando-os ou afastando-os, e a cada um convocando para enfrentar dilemas éticos a que se julgavam imunes.

Último Olhar marca o aguardado regresso de Miguel Sousa Tavares ao romance. Uma história sem tréguas nem contemplações, onde o passado cruza o presente e o presente interroga o futuro que queremos ter. Da primeira à última página, até decifrarmos o que se esconde atrás do título.

Uma Estranha Amizade
Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão

Maria Filomena Mónica
Relógio D’Água

«Finalmente, havia as diferenças políticas, que se foram agravando à medida que o tempo passava. Basta atentar na diferença das suas posições aquando do Ultimato inglês. Eça era, sempre fora, um liberal. Ramalho era alguém que de tal forma odiava a democracia representativa que desde cedo começou a sonhar com um governo liberto de um parlamento, tendo acabado nos braços do Integralismo Lusitano, um movimento que, no caso de alguns dos seus mais importantes ideólogos, viria a aderir ao salazarismo. Em suma, a amizade entre Eça e Ramalho nunca foi simples, porque a Weltanschauung de ambos, isto é, as respetivas visões do mundo, não eram coincidentes. É por isso que a amizade entre eles foi sempre estranha.»

A Expansão Portuguesa
Um Prisma de Muitas Faces

Luís Filipe F. R. Thomaz
Gradiva

A expansão portuguesa constituiu um fenómeno histórico de grande diversidade e de muito maior heterogeneidade do que a espanhola. Teve lugar à escala de três oceanos e três continentes, onde as condições geográficas, sociais, económicas e políticas eram muito mais variadas, conferindo lhe desde o início uma imensa complexidade. As crónicas da época, no entanto, não permitem divisar isso de modo claro por diversas razões.
Os projetos fracassados e os êxitos fortuitos repõem a dimensão humana dos ideólogos e dirigentes de antanho; se os ignorarmos, os seus artesãos parecem transcender a natureza humana e transformam-se em super homens dotados de uma visão profética e praticamente infalível do futuro o que, na realidade, só raras vezes ocorreu.
Este livro é uma tentativa de os reduzir às suas reais dimensões e de escrever a história das massas e não apenas a das suas figuras de proa; e, ao mesmo tempo, de situar o fenómeno expansionista português, em cada uma das suas múltiplas vertentes, no seu contexto geográfico, político e cultural.
Fruto de uma conferência proferida na Universidad de los Andes, este livro foi originalmente redigido em castelhano, tendo sido depois publicado em francês. Aparece agora em português, em versão cuidadosamente revista pelo autor.

O Mundo e a Igreja. Que Futuro?

Anselmo Borges
Gradiva

Os dois princípios entrecruzados, que têm de animar a todos são: por um lado, o amor, a bondade, por outro, a razão, a inteligência.
A bondade sem a inteligência não abre caminhos novos e pode inclusivamente causar imensos estragos irreparáveis; a inteligência sem a bondade pode tornar-se cruel e fazer um sem-número de vítimas.
A síntese é a razão sensível.

Que Fizeste do Teu Irmão?
Um olhar de fé sobre a pobreza no mundo

Alfredo Bruto da Costa
Editorial Cáritas

Foi com particular satisfação que tomei conhecimento da publicação deste livro que reúne textos que o Professor Alfredo Bruto da Costa estava a preparar para uma obra que não pôde concluir antes de nos deixar.
As reflexões que nos são oferecidas representam uma interpelação à consciência de todos, que a pergunta “O que fizeste do teu irmão?” no título da obra suscita de forma acutilante.

Os textos assim apresentados como resposta a esta pergunta – e escritos após uma vida inteira dedicada à justiça social e ao estudo e combate à pobreza e à exclusão – constituem um último e valioso legado do enorme saber e da profunda experiência do autor.
Recordo Alfredo Bruto da Costa com enorme saudade – saudade do amigo sincero e dotado de qualidades humanas excecionais com quem partilhei tantos momentos e tantas conversas e iniciativas sobre matérias que estavam no centro das preocupações de ambos.
Mas saudade, também, do cidadão empenhado nas causas mais nobres, do académico ilustre, do mobilizador da consciência coletiva ao serviço da justiça e do bem comum. Como é do conhecimento geral, a ele e a Manuela Silva se deve o pensamento que esteve na origem da criação do rendimento mínimo garantido.

Dadas as minhas atuais funções, não posso também deixar de assinalar a convergência da ação de Alfredo Bruto da Costa ao longo da vida com aquele que veio a ser consagrado como o primeiro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU – a erradicação da pobreza.
A sua partida deixou um enorme vazio.

Apraz-me, por isso, registar a publicação deste livro que contribuirá para perpetuar a voz autorizada de Alfredo Bruto da Costa e a sua visão muito própria sobre a sociedade, os seus problemas e os mais vulneráveis dos seus membros.

Felicito a sua família, a Caritas e o Fórum Abel Varzim pela iniciativa que, em boa hora, tiveram.

António Guterres
Secretário Geral da ONU

As Doenças do Brasil

Valter Hugo Mãe
Porto Editora

A “fera branca” quase exterminou os povos originários do Brasil. Ao longo de séculos, os brancos mataram aqueles que não podiam escravizar. A dada altura, em fuga, muitos negros encontraram ao acaso os povos de peles vermelhas e tantas vezes o entendimento e a paz aconteceram.

Valter Hugo Mãe cria para a Literatura atual duas figuras inesquecíveis: Honra e Meio da Noite, rapazes peculiares que, ao abrigo das aldeias gentis dos abaeté, estabelecem uma cumplicidade para certa ideia de defesa.
Honra é fruto da violação de um branco a uma abaeté. Cresce claro, humilhado por uma pele que diz não ser cicatriz daquele golpe porque é ferida. É sempre ferida.

Esta é uma delicadíssima história de resistentes. Exuberante aventura das palavras e da imaginação em busca da hipótese da paz.

Museu da Revolução

João Paulo Borges Coelho
Caminho

Conheci Jei-Jei numa manhã cinzenta que dediquei a visitar o Museu da Revolução. Preparava-me para observar os expositores do primeiro andar, onde se dá conta da resistência ao colonialismo, quando senti crescerem os rumores de uma manifestação de protesto no Jardim 28 de Maio, do outro lado da rua. Notara-a já à chegada, uma pequena concentração de Magermanes, os trabalhadores emigrantes que haviam prestado serviço na velha Alemanha socialista e agora, há muito regressados, continuavam a reivindicar uma parte dos seus salários que diziam estar retida pelo Governo. Agitavam cartazes e bandeiras, e por um momento parecia que os dias festivos do nosso próprio socialismo estavam de regresso. A certa altura ouvi dois estampidos e desci para a entrada do Museu a fim de espreitar o que acontecia lá fora.

Sétimo Dia

Daniel Faria
Assírio e Alvim

Cinco seres, cinco dias. No começo do mundo, Daniel Faria leva-nos no caminho enigmático dos primeiros homens. São breves fragmentos de um projeto que o poeta ainda revisitava nas vésperas da sua morte, um livro inédito de uma contenção exemplar e luminosa: «Em Sétimo Dia, os cinco homens repartem perspetivas sobre a ideia de ocupação e coincidem no desejo de alcançar uma certa ideia de existência transcendente sem depor a medida humana a partir da qual cada um se foi fazendo lugar. Cada homem permanece em redor da raiz da sua condição, mesmo quando na enunciação das dúvidas, dores e amarguras se faz pressentir o rumor da mudança aguardada.»
[Francisco Saraiva Fino, em «A raiz do corpo glorioso»]

Paixão

Maria Teresa Horta
D. Quixote

Poetisa do amor e do erotismo, Maria Teresa Horta sofreu em Novembro de 2019 o imenso desgosto da morte do seu marido, amor de uma vida, Luís de Barros.
Este livro é uma homenagem a esse amor. Intenso, catártico, apaixonante.


Boas leituras!
Bom Ano 2022!

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