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UMA PEÇA DO MNAA POR SEMANA

O CNC e o Museu Nacional de Arte Antiga divulgam aqui algumas das suas peças mais significativas.

  Uma Peça do MNAA por Semana


 


O CNC e o Museu Nacional de Arte Antiga levam a efeito desde 2006 uma iniciativa comum de divulgação das peças mais significativas do primeiro Museu português. Deste modo, queremos promover o melhor conhecimento do nosso património cultural, incentivando a visita aos nossos Museus, e em especial ao Museu Nacional de Arte Antiga.


Além da divulgação no portal www.e-cultura.pt e no sítio www.cnc.pt, promoveremos ao longo do ano outras iniciativas que serão divulgadas nos nossos programas trimestrais. A memória cultural constitui um factor fundamental para a melhor compreensão da nossa identidade, vista como realidade aberta, na encruzilhada entre a herança e a criação, entre a tradição e a inovação.


Agradecemos à Direcção do MNAA e à sua equipa a oportunidade que nos dá de melhor conhecermos um acervo tão rico e fundamental para a compreensão do que somos como povo e como cultura.



Uma Peça do Museu Nacional de Arte Antiga
Semana de 15 a 22 de Dezembro de 2009

Virgem com o Menino



Oficina de mestre Pêro
2º quartel do século XIV
Calcário
Doação (colecção Vilhena),1980
Inv.1087 Esc


A Virgem com o Menino é tradicionalmente atribuída à oficina de Mestre Pêro, figura central na evolução da escultura gótica trecentista em Portugal. Parece incontestável que se trata de artista estrangeiro, talvez de origem aragonesa, como parecem indicar as influências que a sua arte manifesta. Contudo, ignoramos o momento da sua chegada ao reino e a quem se deve a iniciativa de tal deslocação. É possível que tenha vindo por volta de 1330, escassos anos após a morte de D. Dinis (1325), nos primórdios do reinado de D. Afonso IV, seu filho.

A estreita ligação aos meios áulicos portugueses, nomedamente à rainha D. Isabel de Aragão e a D. Vataça, sua dama de companhia, sugere que a sua vinda se pode dever à própria Rainha viúva que, conhecedora do panorama artístico aragonês e catalão e ciente do seu avanço técnico e estilístico, terá mandado vir o escultor para realizar o seu moimento funerário. A chegada deste mestre a Portugal marca uma viragem decisiva no panorama escultórico nacional, quer na escultura funerária, quer na devocional.

Pode, pois, dizer-se que a escultura gótica portuguesa atingiu a sua maioridade com Mestre Pêro. Entre a imaginária avulsa saída da sua oficina a temática principal corresponde à Virgem, o que aliás obedece ao gosto e à sensibilidade da época. Mestre Pêro revela uma clara preferência pelas Virgens em pé, opção exclusiva quando se trata da Senhora do Ó e maioritária quando se trata da Virgem com o Menino que segura no braço esquerdo. Em qualquer das iconografias, tal opção permitiu-lhe explorar o tratamento dos panejamentos e transmitir algum movimento à figura, mais difícil de alcançar nas Virgens sentadas típicas do Românico ou dos primeiros tempos do Gótico, por isso sempre mais hieráticas.

O corpo da Virgem apresenta ligeira torção, adoptando um perfil em S, que confere alguma dinâmica à peça.
De olhos amendoados e um quase sorriso na boca pequena, a Senhora usa coroa florida baixa colocada sobre o véu que deixa ver algumas madeixas de cabelo enquadrando a face arredondada. Traja túnica comprida até aos pés e capa com pregas movimentadas, até abaixo dos joelhos, presa por um firmal com quatro lóbulos, bem à moda da época.


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