Como habitualmente, o Centro Nacional de Cultura apresenta a lista dos 20 Livros do Ano sempre tão aguardada…
Eduardo Lourenço, Pessoa Revisitado – Crítica Pessoana I (1949-1982)
Coordenação editorial: Pedro Sepúlveda
Edição: Fundação Calouste Gulbenkian
Este volume propõe reunir todos os textos escritos pelo autor que têm como tema central a obra pessoana, contemplando tanto publicações já concretizadas como ensaios autónomos inéditos, que se encontram no seu acervo à guarda da biblioteca nacional de Portugal, elaborados entre 1949 e 1982. Trata-se de um período que se inicia com alguns esboços de primeiros projetos, prossegue com a escrita e publicação de ensaios sobre a obra e a crítica pessoanas, entre os quais Pessoa Revisitado ocupa o lugar de maior relevo, e termina no momento da publicação do Livro do Desassossego, evento que marca uma viragem nos estudos Pessoanos e também nas leituras de Lourenço. Um segundo volume destas Obras Completas irá contemplar os textos escritos após a publicação do Livro.
Diccionário da Linguagem das Flores
de António Lobo Antunes
Edição: D. Quixote
O novo romance de António Lobo Antunes, Diccionario da Linguagem das Flores, tem como personagem principal Júlio Fogaça, membro proeminente do PCP nos anos trinta do século passado. Ao longo de vinte e quatro capítulos, numa escrita disruptiva a que Lobo Antunes já nos habituou, o leitor é levado a interrogar-se sobre a verdadeira identidade desse protagonista. Temas como o tempo, a memória e a identidade, caros ao autor, estão também presentes neste romance. Todavia, a verdadeira pedra angular da narrativa é a descoberta de um livro antigo, que está na origem do título do romance, e que origina uma surpreendente oscilação gráfica entre o português atual e o português do final do século XIX.
Livro de Vozes e Sombras
de João de Melo
Edição: D. Quixote
Cláudia Lourenço, jornalista, é enviada de Lisboa à ilha de São Miguel ao serviço do Quotidiano. Tem por missão entrevistar um conhecido ex-operacional da Frente de Libertação dos Açores e reaver a crónica do independentismo insular durante a Revolução.
Depara-se-lhe um homem-mistério, voz e sombra do jogador, das suas verdades que mentem, das suas mentiras que dizem a verdade. Ela, que pertence à «geração seguinte», não parece ter memória histórica do país de então: vive no de agora, e o passado é um território longínquo, cuja narração flui no interior de um imaginário algo obscuro.
A história da FLA (e a da FLAMA, na Madeira) comporta em si o «país de todos os regressos»: a Ditadura, o fim das guerras em África, a descolonização e o «retorno» à casa europeia pelos caminhos de volta, os mesmos que levaram as naus a perder-se nos mares da partida. O país que a si mesmo se descoloniza vibra na exaltação revolucionária. E é dos avanços e recuos dessa Revolução que nasce a tentação separatista do arquipélago.
Na longa e secreta entrevista ao homem da FLA, a jornalista vê-se enredada numa história de logros políticos, compadrios, interesses de propriedade, conluios estrangeiros e outros equívocos do movimento separatista, onde não há lugar para as vítimas da FLA, nem para o desamparo dos «regressantes» de África. Mas Cláudia Lourenço encontrará maneira de lhes dar voz.
A História Contemplativa
de José Mattoso
Edição: Temas e Debates
Esta obra de José Mattoso reúne palestras e artigos surgidos entre 1996 e 2013, que abordam temas tão diversos como as relações entre mouros e cristãos no século XI ibérico, as particularidades da religiosidade dos alentejanos, os contactos do Portugal recém-nascido com o mundo, a importância dos lugares e monumentos portugueses classificados como património mundial pela Unesco ou também a vida de Beatriz da Silva, santa portuguesa do século XV. A abrir o livro, um ensaio escrito expressamente para esta edição o qual pode ser visto como uma súmula do pensamento de José Mattoso, um dos mais notáveis historiadores portugueses de sempre, que vê a História como a «base do conhecimento da condição humana» ou mesmo como uma «mestra da vida» que, ao invocar feitos do passado, nos orienta em resoluções do presente.
«A minha visão da História humana, da História-vivida é contemplativa. Requer um olhar atento, global, pacífico, não interventivo. Um olhar que capta as relações do pequeno com o grande, do singular com o plural, do diferente com o semelhante, do mesmo com o contrário. Um olhar que coloca as coisas na sua ordem, que permite descobrir os géneros e as espécies, que classifica os conjuntos e lhes atribui qualidades. Um olhar que reconhece o movimento e as mutações, sem que a diferença de tempo altere a identidade. Um olhar que compreende os percursos e os destinos da Humanidade, a atração e a repulsa, o amor e o ódio.»
José Mattoso
Sentir & Saber – A Caminho da Consciência
de António Damásio
Edição: Temas e Debates
Nas últimas décadas, numerosos filósofos e cientistas cognitivos têm debatido a consciência como se fosse uma questão à parte, dando-lhe um estatuto especial, o de problema único, não apenas difícil de investigar, mas insolúvel. Porém, António Damásio está convencido de que as mais recentes descobertas da Neurobiologia, da Psicologia e da Inteligência Artificial nos facultam as ferramentas necessárias para solucionar este mistério. Em 49 breves capítulos, o autor ajuda-nos a compreender a relação entre a consciência e a mente; porque estar consciente não é o mesmo que estar acordado e não precisa de mente; o papel fundamental dos sentimentos; e a relação entre o cérebro biológico e o desenvolvimento da consciência.
António Damásio não realiza apenas uma síntese entre as descobertas de várias ciências e as perspetivas da filosofia: apresenta a sua própria e original investigação, que tem transformado o entendimento do cérebro e do comportamento humanos.
O Mapeador de Ausências
de Mia Couto
Edição: Editorial Caminho
Diogo Santiago é um prestigiado e respeitado intelectual moçambicano. Professor universitário em Maputo, poeta, desloca-se pela primeira vez em muitos anos à sua terra natal, a cidade da Beira, nas vésperas do ciclone que a arrasou em 2019, para receber uma homenagem que os seus concidadãos lhe querem prestar.
Mas o regresso à Beira é também, e talvez para ele seja sobretudo, o regresso a um passado longínquo, à sua infância e juventude, quando ainda Moçambique era uma colónia portuguesa. Menino branco, é filho de um pai jornalista e sobretudo poeta, e de uma mãe toda sentido prático e completamente terra-a-terra. Do pai recorda o que viveu com ele: duas viagens ao local de terríveis massacres cometidos pela tropa colonial, a sua perseguição e prisão pela PIDE, mas sobretudo, e em tudo isto, o seu amor pela poesia. Mas recorda também, entre os vivos, o criado Benedito (agora dirigente da FRELIMO) e o seu irmão Jerónimo Fungai, morto a tiro nos braços da sua amada, a bela e infeliz Mariana Sarmento, o farmacêutico Natalino Fernandes, o inspetor da PIDE Óscar Campos, a tenaz e poderosa Maniara, e muitos outros; e de entre os mortos sobressaem o régulo Capitine, que vê uma mulher a voar.
Estórias com Figuras
de António Tabucchi
Edição: Dom Quixote
Nada melhor do que as palavras do autor na sua sempre escrita poética para descrever um livro de contos a partir de pinturas de artistas que admirava:
«Creio poder afirmar que a pintura entrou fortemente na minha escrita. Entrou como estímulo, como insinuação, também um pouco como encantamento, e também um pouco, amiúde, como ditado de textos que escrevi. Talvez porque haja pessoas para as quais a realidade passa mais através dos olhos do que dos ouvidos, e eu sou uma delas. Sempre disponível para aquilo que vejo, não obstante a minha miopia. Aquilo que vejo condiciona-me muito e condiciona muito também a minha escrita. Tenho escrito muito sobre pintura e para a pintura, ou graças à pintura, e é disso que vos vou falar.»
O Mundo à Minha Procura
de Ruben A.
Edição: Assírio & Alvim
Passando pela infância, o primeiro amor, os estudos em Coimbra, amizades, livros e viagens, esta obra representa, como afirmou Ruben A. numa entrevista ao Diário Popular em julho de 1965, «uma necessidade urgente de arrumar a minha vida sentimental, de ver a novela que dentro do meu ser transporto. A forma autobiográfica é a mais pura do romance, a criação permanente de um estado de espírito que traz presentes os fantasmas que se acolheram no sótão da sensibilidade».
Em Todos os Sentidos
de Lídia Jorge
Edição: Dom Quixote
Na introdução que abre este livro, Lídia Jorge define a crónica como uma homenagem ao deus que faz escorregar os grãos de areia, mirando-nos de soslaio. E acrescenta: «Como não podemos vencer o Tempo, escrevemos textos que o desafiam a que chamamos crónicas.»
Em Todos os Sentidos, conjunto de quarenta e uma crónicas que Lídia Jorge leu, ao longo de um ano, aos microfones da Rádio Pública, Antena 2, corresponde a essa definição – são crónicas que encaram de frente a fúria do mundo contemporâneo, interpretando os seus desafios, perigos e simulacros com um olhar crítico acutilante.
Mas a singularidade destas páginas de intervenção provém, sobretudo, do facto de a autora ser capaz de juntar no mesmo palco da reflexão o pensamento crítico sobre a realidade e o discurso subjectivo da memória íntima, com um olhar profundamente sentido.
No interior deste livro, há páginas inesquecíveis sobre a vida humana.
História Global de Portugal
de José Eduardo Franco, Carlos Fiolhais e José Pedro Paiva
Edição: Temas e Debates
«Portugal foi ponto de chegada e de partida de gentes, culturas, línguas, ideias, tendências de gosto, comportamentos, crenças, instituições, produtos que sempre foram variáveis e que aqui e nos ubíquos lugares onde chegaram imprimiram sinais de miscigenação plurimodal, que foram enriquecendo as cores do mundo, mas também provocando disrupções, violência, tantas vezes guerra, sofrimento e fenómenos de resistência. Portugal é o resultado de incontáveis dinâmicas de diálogo e de choque com outros lugares. E o mundo tem traços das mediações que os habitantes do espaço de Portugal espalharam. É esta fascinante história que aqui se pretende contar para melhor percebermos quem somos e o mundo em que vivemos.»
Coordenação científica:
João Luís Cardoso (Pré-História e Proto-História)
Carlos Fabião (Antiguidade)
Bernardo Vasconcelos e Sousa (Idade Média)
Cátia Antunes (Época Moderna)
António Costa Pinto (Época Contemporânea)
Esta obra conta com a colaboração de 87 autores que trabalham não só em Portugal como por todo o globo, portugueses e não portugueses, especialistas nas mais diversas subáreas da História, como história política, história institucional, história geográfica, história cultural, história da ciência, história económica, história social, história da arte e história religiosa.
Colheita de Inverno – “Ensaios de Teoria e Crítica Literárias”
de Vítor Aguiar e Silva
Edição: Edições Almedina
A metáfora sazonal que configura o título deste livro tem duas explicações: uma, de natureza biográfica – o autor escolheu o título quando se deu conta de que em breve ia perfazer oitenta anos de idade -, e outra, de natureza cultural – há múltiplos sinais de que a literatura, a teoria e a crítica literárias têm sofrido, desde o último quartel do século xx, uma crise que se pode simbolizar na metáfora do Inverno (inclemência do clima, chuva e vento adversos, frio e névoa).
Foi contra este pessimismo cultural que foram escritos os ensaios deste volume, todos eles procurando conhecer e explicar as formas e os sentidos que, desde há quase trinta séculos, constituem a literatura.
Amália, Ditadura e Revolução – A História Secreta
de Miguel Carvalho
Edição: Dom Quixote
Chamaram-lhe cantora do regime. Acusada de servir a ditadura e colaborar com a polícia política (PIDE), foi perseguida e ostracizada após 25 de Abril de 1974, reconquistando depois a unanimidade enquanto voz de Portugal no Mundo. Esta é a história secreta da vida de Amália Rodrigues.
Como se relacionou com o Estado Novo e sobreviveu à admiração por Salazar?
Como enfrentou a pobreza, seduziu a aristocracia e os intelectuais?
Como ajudou presos políticos, cantou poetas proibidos, colaborou com antifascistas e financiou clandestinamente a oposição e o PCP?
Como sobreviveu aos boatos, ataques e tentativas de silenciamento no pós-revolução?
Como é que os políticos, os músicos, os poetas, a ditadura e a democracia lidaram com a maior cantora portuguesa de sempre?
Amália – Ditadura e Revolução – A história secreta é uma investigação jornalística que atravessa dois regimes, vários continentes e reúne perto de uma centena de entrevistas e depoimentos exclusivos, gravações inéditas da fadista e de personalidades que com ela conviveram, milhares de páginas de documentos nunca revelados, além de cartas e fotografias desconhecidas da cantora.
Obra Poética II
de António Ramos Rosa
Edição: Assírio & Alvim
O segundo volume da Obra Poética de António Ramos Rosa na Assírio & Alvim reúne os poemas publicados em livro ou folheto entre 1988 e 1996. A edição foi organizada e revista por Luis Manuel Gaspar e conta com um posfácio de António Guerreiro.
«Escrever, para Ramos Rosa, não é apenas um exercício que se cumpre por uma determinada disposição estética. Muito mais radicalmente, é um programa de vida, uma necessidade vital e ética que encontra no poema uma estratégia que lhe orienta o sentido e os horizontes. Por isso, a questão da poesia é para ele o dispositivo de uma relação com o mundo e de uma experiência do real que tem como sombra uma incompatibilidade essencial entre o homem e a sua palavra, entre o mundo e a escrita como superfície espelhante de reflexos e logros. Daqui nascem os temas maiores da sua obra: a palavra que tem por origem a sua própria impossibilidade, a reflexão imanente da escrita no acto da sua própria feitura.» [António Guerreiro]
Poemas Dramáticos e Pictopoemas
de Mário Cesariny
Edição: Assírio & Alvim
Poemas Dramáticos e Pictopoemas, de Mário Cesariny, é o volume que reúne o teatro, poemas dramáticos e pictopoemas do autor. Além das já conhecidas peças Consultório do Dr. Pena e do Dr. Pluma, Um Auto para Jerusalém, Titânia e o guião cinematográfico A Norma de Bellini, este livro inclui ainda três peças nunca antes publicadas em livro: Projecto de Rebelião, O Processo e Projecto não Terminado para Teatro Radiofónico. O prefácio é de Perfecto E. Cuadrado.
«Dizemos “poemas dramáticos”, e devemos assinalar duas questões prévias: que, afinal, e falando do autor Mário Cesariny, tudo nele era e é poesia, incluindo a “literatura” que Verlaine afastou para uma geografia diferente, e incluindo também (segunda questão) a pessoa e a personagem do autor, isto é, o actor Mário Cesariny, histrião maior da República que transformava o mundo à sua volta em palco universal para as suas encenações e representações, onde palavras, gestos, movimentos e silêncios reabilitavam para todos nós — espectadores e parte do sentido final do espectáculo — uma realidade que, à boa maneira pessoana, precisava dessa transmutação alquímica para ser definitiva e absolutamente real.
[…] Parafraseando André Breton: nem limites nem fronteiras no vasto território da Poesia, diverso e uno. Com essa ideia abrangente, decidimos organizar este volume dedicando a segunda parte às justaposições, conjunções, fusões e confusões da poesia plástica e da poesia verbal, da palavra e da imagem.» [do Prefácio]
Regresso a um Cenário Campestre
de Nuno Júdice
Edição: Dom Quixote
Regresso a Um Cenário Campestre é um livro que começou a ser escrito nos últimos meses de 2019 e terminou na transição da epidemia para a pandemia, já em 2020.
É um trabalho sobre as transformações resultantes da época que vivemos, em que se inclui uma sátira ao politicamente correto e ao apagamento ou revisão da História.
Os temas do amor e da natureza estão igualmente presentes na linha de livros anteriores, seguindo o jogo entre memória e imagem que é dominante na fase mais recente da poética de Nuno Júdice.
Dias e Dias
de Adília Lopes
Edição: Assírio & Alvim
Mais do que a experiência de um confinamento entre quatro paredes, em Dias e Dias, Adília Lopes constrói um diálogo entre as memórias, presentes e passadas, dos objetos, das divisões da casa e as ruas, as flores e os edifícios que povoam estas páginas de reflexão: «Vem aí a macacoa, a miséria? Por enquanto aqui ainda tenho paz.»
As Sílabas de Amália
de Manuel Alegre
Edição: Dom Quixote
A 23 de julho celebra-se o centenário do nascimento de Amália Rodrigues. Num texto sobre Amália, publicado no livro Uma Outra Memória e incluído nesta obra de homenagem, escrevia assim Manuel Alegre: «Todo o canto, como a poesia, é uma questão de ritmo. Ou de batida. O ritmo de Amália é o ritmo das marés, a sua batida a do nosso mar. Ela podia cantar flamenco ou tango, espirituais negros ou jazz, podia entoar uma fuga de Bach, trautear as incomparáveis harmonias de Mozart. Mas ela canta isso tudo e um pouco mais. Canta o fado no sentido em que dele fala Camões. Quando ela diz fado está a dizer o nosso próprio nome e pronuncia essa palavra com a mesma entoação que provavelmente Camões lhe dava. Suspeito mesmo que foi para ela que Camões escreveu alguns dos poemas que Alain Oulman transformou em fado.»
As Sílabas de Amália é uma obra singular que reúne os quatro poemas de Alegre que Amália cantou, os que sobre ela escreveu e aqueles que exprimem uma visão do fado que, em grande parte, o poeta ficou a dever a Alan Oulman e a Amália Rodrigues. Inclui, ainda, um poema inédito de tributo a Amália.
O Infinito num Junco
de Irene Vallejo
Edição: Bertrand Editora
A Invenção do livro na antiguidade e o nascer da sede dos livros.
Este é um livro sobre a história dos livros. Uma narrativa desse artefacto fascinante que inventámos para que as palavras pudessem viajar no tempo e no espaço. É o relato do seu nascimento, da sua evolução e das suas muitas formas ao longo de mais de 30 séculos: livros de fumo, de pedra, de argila, de papiro, de seda, de pele, de árvore, de plástico e, agora, de plástico e luz.
É também um livro de viagens, com escalas nos campos de batalha de Alexandre, o Grande, na Villa dos Papiros horas antes da erupção do Vesúvio, nos palácios de Cleópatra, na cena do homicídio de Hipátia, nas primeiras livrarias conhecidas, nas celas dos escribas, nas fogueiras onde arderam os livros proibidos, nos gulag, na biblioteca de Sarajevo e num labirinto subterrâneo em Oxford no ano 2000.
Este livro é também uma história íntima entrelaçada com evocações literárias, experiências pessoais e histórias antigas que nunca perdem a relevância: Heródoto e os factos alternativos, Aristófanes e os processos judiciais contra humoristas, Tito Lívio e o fenómeno dos fãs, Sulpícia e a voz literária de mulheres.
Mas acima de tudo, é uma entusiasmante aventura coletiva, protagonizada por milhares de personagens que, ao longo do tempo, tornaram o livro possível e o ajudaram a transformar-se e evoluir – contadores de histórias, escribas, ilustradores e iluminadores, tradutores, alfarrabistas, professores, sábios, espiões, freiras e monjes, rebeldes, escravos e aventureiros.
É com fluência, curiosidade e um permanente sentido de assombro que Irene Vallejo relata as peripécias deste objeto inverosímil que mantém vivas as nossas ideias, descobertas e sonhos. E, ao fazê-lo, conta também a nossa história de leitores ávidos, de todo o mundo, que mantemos o livro vivo.
Um dos melhores livros do ano segundo os jornais El Mundo, La Vanguardia e The New York Times (Espanha).
Este Vírus que nos Enlouquece
de Bernard-Henri Lévy
Edição: Editora Guerra & Paz
Em Este Vírus Que Nos Enlouquece, Bernard-Henri Lévy contesta os que querem aproveitar o coronavírus para arrasar o que a civilização ocidental tem de melhor. Contra os que pretendem ver no vírus uma mensagem, contra o alarmismo do apocalipse, contra os obcecados pelo decrescimento e contra outros defensores da penitência, Lévy contesta a ideia de que no recomeço, após a pandemia, “nada deve ser como antes”. Pelo contrário, contra um mundo refém do medo, temos de voltar à confiança do aperto de mão, dos abraços e das viagens. Neste livro, o filósofo denuncia a tentativa visível de utilização da pandemia pelos usurários da morte e pelos tiranos da obediência, cujo objectivo é estrangularem a liberdade dos cidadãos a coberto da urgência sanitária e do delírio higienista.
Estamos perante o que chama «O Primeiro Medo Mundial» e um vento de loucura assola o planeta: este livro recorre ao pensamento, à história e à filosofia para nos ajudar a encarar com racionalidade uma pandemia que não é a primeira, nem foi a mais mortífera que a humanidade até hoje conheceu.
Um livro em defesa da vida em toda a sua plenitude, convivial, amorosa, política. Um livro em defesa das portas da liberdade que são aeroportos, viagens, cosmopolitismo e comércio.
Dez Lições para o Mundo Pós-Pandemia
de Fareed Zakaria
Edição: Gradiva
A 25 de Junho de 2017, quase três anos antes da pandemia, Fareed Zakaria teceu a seguinte previsão no seu programa televisivo na CNN: «Uma das maiores ameaças que os Estados Unidos têm de enfrentar não é, de todo, grande. Na verdade, é minúscula, microscópica, dezenas de vezes mais pequena do que a cabeça de um alfinete. Patogénicos mortíferos, quer produzidos pelo homem quer naturais, podem desencadear uma crise de saúde global e [nós] não estamos nada preparados para lidar com isso. […] As nossas cidades a abarrotar, as guerras, os desastres naturais e as viagens aéreas internacionais podem levar a que um vírus mortal com origem numa pequena aldeia em África seja transmitido e chegue a todo o mundo em apenas 24 horas […]. A biossegurança e as pandemias globais ultrapassam todas as fronteiras nacionais. Os agentes patogénicos, os vírus e as doenças são igualmente assassinos. Quando a crise estalar, vamos desejar ter mais fundos e uma maior cooperação global. Mas, nessa altura, talvez seja demasiado tarde.»
A todos desejamos um Bom Ano, com Saúde e Boas Leituras!