Notícias

UMA PEÇA DO MNAA POR SEMANA

O CNC e o MNAA divulgam aqui algumas das suas peças mais significativas.

Uma Peça do MNAA por Semana


O Centro Nacional de Cultura (CNC) e o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) levam a efeito, desde 2006, uma iniciativa comum de divulgação das peças mais significativas do primeiro Museu português. Deste modo, queremos promover o melhor conhecimento do nosso património cultural, incentivando a visita aos nossos Museus, e em especial ao Museu Nacional de Arte Antiga.


Além da divulgação no portal www.e-cultura.pt e no sítio www.cnc.pt, promoveremos ao longo do ano outras iniciativas que serão divulgadas nos nossos programas trimestrais. A memória cultural constitui um factor fundamental para a melhor compreensão da nossa identidade, vista como realidade aberta, na encruzilhada entre a herança e a criação, entre a tradição e a inovação.


Agradecemos à Direcção do MNAA e à sua equipa a oportunidade que nos dá de melhor conhecermos um acervo tão rico e fundamental para a compreensão do que somos como povo e como cultura. 




Uma Peça do Museu Nacional de Arte Antiga
Semana de 9 a 16 de Março de 2010

Saleiro



Marfim
África, Benim
Século XVI, 1º quartel
Aquisição, 1951
Inv. 750 Esc


Este saleiro do Benim (incompleto, pois falta-lhe a parte inferior) integra o grupo dos cerca de quinze saleiros da mesma produção actualmente conhecidos no mundo.
Totalmente lavrada em marfim, foi esculpido na tampa um cavaleiro de elmo e cota de armas montado num cavalo ricamente ajaezado, destacando-se sobre um fundo densamente preenchido. Na secção central, figuram outros cavaleiros e altos funcionários com indumentária e acessórios idênticos aos usados na época pelos portugueses.
Se o modelo formal deste exemplar segue um protótipo europeu, é ao nível da indumentária que encontramos a marca da tradição artesanal africana. Tanto na indumentária das figuras, como no fundo da composição, são reproduzidos padrões têxteis que ainda hoje são ritualmente fabricados nos teares da actual Nigéria.
Nos séculos XV e XVI, inúmeras peças manufacturadas em marfim chegaram a Lisboa, primeiro da Serra Leoa e depois do Benim. Se a arte de trabalhar o marfim na Serra Leoa, a primeira região da África negra visitada pelos marinheiros lusos, representa esporadicamente imagens de portugueses, já os objectos provenientes do reino do Benim, na actual Nigéria, confere àqueles algum protagonismo, isolando as figuras e trabalhando-as em relevo com grande pormenor nos traços fisionómicos, ou seja, registando a diferença do outro, especialmente os cabelos compridos, as barbas de cortes diversos e os narizes afilados.
Este tipo de peças despertou o interesse de uma clientela europeia ávida em possuir objectos raros. Assim, artífices locais, como os Bulom da Serra Leoa, os Ioruba e os Beni do Benim, produziram, por encomenda, colheres, garfos, taças, trompas de caça ou olifantes, píxides e saleiros.
O saleiro de marfim do Benim destaca-se no percurso do museu como um dos primeiros testemunhos artísticos dessas encomendas, e nele se revela o encontro de culturas proporcionada pelos portugueses no período dos Descobrimentos.

Subscreva a nossa newsletter